SAÚDE

Morte de bebê por coqueluche no Paraná é 1ª em três anos no Brasil; entenda a doença

Vítima tinha seis meses; casos da infecção bacteriana, que se manifesta de forma semelhante a um resfriado, têm crescido em meio às quedas na cobertura vacinal e ao impacto pós-pandemia

Vacina pentavalente previne coqueluche - Ministério da Saúde/Divulgação

Após cinco anos sem novos registros de óbitos, o Paraná confirmou a morte de um bebê de seis meses, residente da cidade de Londrina, por coqueluche. O óbito é também o primeiro no Brasil em três anos pela doença, diz o Ministério da Saúde.

As últimas confirmações haviam sido em 2019, quando foram 11 vítimas fatais, e em 2020, ano em que uma pessoa morreu pela infecção. A Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (Sesa) investiga ainda uma segunda morte, de um bebê de três meses do município de Irati.

A coqueluche é uma doença respiratória causada pela bactéria Bordetella Pertussis e transmitida por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar. Os sintomas são semelhantes aos de um resfriado, como tosse seca e febre, e o principal fator de risco é a criança não vacinada, que pode desenvolver quadros graves e, se não tratada adequadamente, morrer pela doença.

 

No Brasil, a proteção faz parte do calendário de imunização da criança de rotina e está disponível na rede pública. Ela é feita com a vacina pentavalente infantil (DTP/HB/Hib), que evita casos de difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pela bactéria H. influenzae tipo B.

As crianças devem tomar três doses da vacina: aos dois, quatro e seis meses de vida. A partir de 1 ano de idade, são necessários ainda dois reforços realizados com a vacina tríplice bacteriana infantil (DTP), um aos 15 meses e outro aos 4 anos de idade.

No entanto, as baixas coberturas vacinais têm levado a um aumento de casos da doença. No Brasil, até o momento, foram confirmados 339 casos de coqueluche em 2024, um crescimento de 56,2% em relação ao acumulado do ano anterior.

O alerta não é apenas no Brasil. Ainda em maio, o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) emitiu um comunicado sobre mais de 32 mil diagnósticos terem sido registrados no continente entre janeiro e março deste ano, contra cerca de 25 mil ao longo de todo o ano passado.

No mundo, os números da Organização Mundial da Saúde (OMS) já mostravam em 2023 que os casos de coqueluche haviam mais do que dobrado, saindo de 64.313, em 2022, para 159.832. No alerta do ECDC, a autoridade atribui o crescimento da doença ao impacto pós-pandemia, já que houve uma limitação na circulação da bactéria nos últimos anos, e ao número alto de crianças não vacinadas.

No Brasil, por exemplo, a última vez que a cobertura vacinal chegou ao preconizado pelo Ministério da Saúde foi em 2015, quando foi de 96,9%, segundo dados do DataSUS. O percentual de crianças protegidas desceu até 70,9%, em 2019, mas voltou a subir de forma consistente a partir de 2022. Neste ano, até agora, está em 82,62%. No mundo, a cobertura também caiu, para 81%, na pandemia, mas subiu para 84% nos últimos dois anos, de acordo com dados da OMS.

O Ministério da Saúde diz que “reforça a importância de manter as crianças vacinadas conforme recomendações do calendário nacional de vacinação” e lembra que gestantes também devem receber uma dose da vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (DTpa) após a 20ª semana da gestação.

O objetivo é induzir a proteção de anticorpos que são transferidos para o bebê durante a gravidez. “Caso não administrada durante o período gestacional, a dose desta vacina poderá ser administrada no puerpério até 45 dias pós-parto”, continua.

No Paraná, a Sesa diz que “criou nos últimos dias uma força-tarefa com o apoio dos municípios para aumentar as coberturas vacinais”. O foco é nas doses destinadas a crianças e adolescentes, em especial Influenza, pentavalente, DTP, pneumocócica 10 e poliomielite, “que estão com baixa adesão no Estado”, diz.