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Novas trocas de disparos entre Israel e o Hezbollah libanês levantam temores por escalada regional

O ataque alimentou temores de que a guerra entre Israel e o Hamas se espalhe da Faixa de Gaza para o Líbano e região

Nuvens de fumaça sobem de um incêndio em um campo depois que foguetes lançados do sul do Líbano pousaram perto de Kela, nas Colinas de Golã, anexadas por Israel - Jalaa Marey/AFP

Novas trocas de disparos entre Israel e o grupo libanês Hezbollah intensificaram nesta terça-feira(30) os temores por uma escalada regional a partir da guerra em Gaza, após um mortal bombardeio no planalto sírio das Colinas do Golã, anexado por Israel.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu na segunda-feira uma dura resposta ao ataque que matou 12 crianças e adolescentes no sábado no Golã sírio.

O governo israelense atribuiu o lançamento do foguete, que caiu sobre um campo de futebol na pequena cidade drusa de Majdal Shams, ao movimento islamista libanês Hezbollah, que negou.

O ataque alimentou temores de que a guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas, aliado do Hezbollah, se espalhe da Faixa de Gaza para o Líbano e região.

Um civil israelense foi morto por um foguete no norte do país nesta terça-feira, disseram os serviços de resgate, e o Exército disse que respondeu a uma rajada de foguetes lançados do Líbano.

Antes o Exército israelense havia anunciado que "bombardeou dez alvos terroristas do Hezbollah em sete zonas diferentes", incluindo um depósito de armas e várias infraestruturas. Durante estas operações, o Exército "eliminou um terrorista do Hezbollah", acrescentou em um comunicado.

Desde o início da guerra em 7 de outubro entre Israel e o Hamas, os disparos transfronteiriços entre o Hezbollah libanês e o Exército israelense têm sido quase diários.

A vingança "proibida" 
"Estas crianças são nossos filhos (…) O Estado de Israel não vai e não pode deixar que isto aconteça. A nossa resposta virá e será dura", advertiu Netanyahu durante uma visita a Majdal Shams.

Os líderes drusos da cidade indicaram que rejeitam qualquer resposta, devido à doutrina que rege sua comunidade, cuja religião vem do Islã.

"A tragédia é imensa", afirmaram. Mas, uma vez que a doutrina drusa "proíbe o assassinato e a vingança sob qualquer forma, rejeitamos até mesmo uma gota de sangue derramada sob o pretexto de vingar os nossos filhos", acrescentaram.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) expressou nesta terça-feira "preocupação com a crescente ameaça de conflito generalizado em toda a região" e "pediu veementemente a todas as partes e à comunidade internacional que trabalhem urgentemente para reduzir as tensões".

Várias companhias aéreas, incluindo a Air France e a alemã Lufthansa, suspenderam os seus voos para Beirute, capital do Líbano, desde segunda-feira.

"Vivo com uma preocupação constante. Penso em como fazer para que meus filhos fujam se a guerra eclodir", disse à AFP Cosette Béchara, de 40 anos, moradora de Beirute.

Por outro lado, para Valentine Fadlallah, psicóloga de 37 anos, "a vida continua, vivemos o dia a dia".

"Já vivemos isso em todas essas guerras", afirmou.

Diante desta situação, vários países, incluindo os Estados Unidos e a França, tentam conter o risco de escalada.

Um diplomata francês em Beirute disse que a França, "juntamente com outros aliados, especialmente os Estados Unidos, estão fazendo o máximo para apelar à moderação de todas as partes".Retirada de Khan Yunis 
Na Faixa de Gaza, o Exército israelense continuou nesta terça-feira com sua campanha de bombardeios contra o Hamas, que Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram uma organização terrorista.

As localidades de Khan Yunis e de Rafah, no sul da Faixa, o campo de deslocados de Al Bureij, no centro, e a Cidade de Gaza, no norte, foram alvos de bombardeios e tiros de artilharia.

Desde 22 de julho, parte das forças israelenses realizam uma operação na área de Khan Yunis, que até agora deixou cerca de 300 mortos, segundo a defesa civil de Gaza.

A guerra em Gaza começou quando milicianos islamistas mataram 1.197 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses.

O Exército israelense estima que 111 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 39 que estariam mortas.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já matou pelo menos 39.363 pessoas em Gaza, também em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.