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Lula sobre eleições na Venezuela: "Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo"

Brasil ainda não reconheceu vitória de Maduro e cobra divulgação de dados

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Pablo Porciuncula / AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comenou, pela primeira vez nesta terça-feira, sobre o impasse na eleição presidencial na Venezuela, realizada no domingo. Lula disse que, para "resolver a briga", é preciso que as autoridades locais apresentem as atas de votação.

Lula fez a fala em entrevista à TV Centro América, afiliada da TV Globo no Mato Grosso.

"É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar ", disse o presidente.

Lula chamou as eleições no país de "processo normal":

"Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo, o que precisa é que as pessoas que não concordam tenham o direito de provar que não concordam e o governo tem o direito de provar que está certo."

O presidente brasileiro seguiu normalizando a situação no país vizinho.

" O Tribunal Eleitoral reconheceu o Maduro como vitorioso, e a oposição ainda não. Então, tem um processo. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial, mas não tem nada de anormal ", disse Lula.

"Não tem nada de grave, não tem nada de assustador. Tem uma eleição, tem uma pessoa que disse que teve 41%, teve outra pessoa que disse que teve 50%, entra na Justiça e a Justiça faz"

As atas são os dados desagregados por mesa de votação. O Itamaraty considera que isso é um "passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito".

Nesta segunda-feira, o Itamaraty orientou a embaixadora do Brasil na Venezuela, Gilvânia Maria de Oliveira, a não comparecer a proclamação de vitória de Nicolás Maduro. A instrução foi dada pelo chanceler Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores.

O assessor especial Celso Amorim voltou ao Brasil nesta terça. Ele acompanhou as eleições no fim de semana.

Amorim foi enviado por Lula a Caracas para acompanhar o pleito. O assessor especial do presidente afirmou ao GLOBO que a falta de transparência "incomoda" e que esperava os "dados necessários" para se pronunciar sobre o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que apontou a vitória de Nicolás Maduro.

Amorim retorna ao Brasil nesta terça-feira e a previsão é que o encontro com Lula ocorra até amanhã.

No comunicado, o Itamaraty citou “o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados”. O órgão brasileiro disse aguardar a publicação pelo CNE de ‘dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.

Já o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, expressou a sua “séria preocupação” de que o resultado eleitoral anunciado na Venezuela não reflita a vontade do povo. Pouco antes, Blinken havia pedido uma recontagem “justa e transparente” dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela.