Quem é Ismail Haniyeh, chefe do Hamas assassinado em ataque "sionista"
Ismail Haniyeh foi morto nesta quarta-feira em 'ataque sionista', segundo o grupo rebelde
Líder do braço político do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto em Teerã nesta quarta-feira, segundo Guardas Revolucionários do Irã.
Segundo o comunicado, Haniyeh estava no país para a cerimônia de posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian. Ele e um guarda de segurança iraniano foram alvos no local onde estavam hospedados, junto a outros membros seniores do "eixo da resistência" do Irã — que inclui o Hamas em Gaza, o Hezbollah no Líbano e os Houthis no Iêmen.
"Irmão, líder, mujahid Ismail Haniyeh, o chefe do movimento, morreu em um ataque sionista ao seu quartel-general em Teerã após ter participado da posse do novo presidente (iraniano)", disse o movimento em um comunicado.
Haniyeh comandava articulação políticas do Hamas do exílio no Catar. Ele tinha 62 anos.
Como líder político do Hamas, ele foi central nas negociações e diplomacia de alto risco do grupo, incluindo as negociações do acordo de cessar-fogo com Israel.
Haniyeh nasceu em 1962 no campo de refugiados de Shati, ao norte da Cidade de Gaza, de pais palestinos que em 1948 foram deslocados de sua casa no que hoje é Israel, em Ashkelon. Ele estudou em escolas administradas pela principal agência das Nações Unidas para palestinos, UNRWA, e depois estudou literatura árabe na Universidade Islâmica de Gaza.
Ele foi preso pelo exército israelense e cumpriu várias sentenças em prisões israelenses nas décadas de 1980 e 1990.
A ascensão de Haniyeh ao poder em Gaza foi auxiliada por seu mentor, o líder espiritual e fundador do Hamas, Sheik Yassin. Haniyeh serviu como secretário pessoal de Yassin. Os dois foram alvos de uma tentativa de assassinato israelense em 2003; no ano seguinte, Yassin foi morto pelo exército israelense.
"Você não precisa chorar," disse Haniyeh a uma multidão reunida fora do Hospital Shifa na Cidade de Gaza na época. "Você tem que ser firme e estar pronto para a vingança."
Líder do Hamas em Gaza
Haniyeh foi nomeado líder do Hamas em Gaza em 2006. Naquele ano, ele serviu brevemente como primeiro-ministro de um governo de unidade palestino, que foi dissolvido após meses de tensão que incluíram conflitos armados entre facções palestinas. O fracasso deste governo foi atribuído em parte à recusa do Hamas em cumprir as condições internacionais para reconhecimento, incluindo renunciar à violência, reconhecer o direito de existência de Israel e aceitar acordos assinados entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina.
Israel logo impôs sanções e restrições à Faixa de Gaza, assim como o Egito. Quando foguetes lançados de Gaza caíram em Israel em 2008, Israel fortaleceu seu bloqueio à Gaza. O Hamas permaneceu no controle da região, lançou milhares de foguetes em Israel, sobreviveu a várias guerras contra o exército israelense e continuamente aumentou sua força militar.
Em 2017, Haniyeh foi nomeado líder sênior do Hamas em um momento em que o grupo tentava suavizar sua imagem pública enquanto buscava influência entre os palestinos e internacionalmente.
Haniyeh liderou o Hamas do Catar e da Turquia nos últimos anos. Ele estava entre os negociadores em conversas em andamento entre Israel e Hamas, mediadas pelo Egito, Catar e Estados Unidos, para acabar com a guerra em Gaza em troca de reféns capturados no ataque liderado pelo Hamas em Israel.
O mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional
Em maio, o promotor do Tribunal Penal Internacional disse que buscaria um mandado de prisão para Haniyeh. O promotor o acusou e outros líderes do Hamas de crimes de guerra e crimes contra a humanidade em relação ao ataque de 7 de outubro em Israel, incluindo "extermínio, assassinato, tomada de reféns, estupro e agressão sexual em detenção."
Em junho, o Hamas disse que a irmã de Haniyeh e sua família foram mortas em um ataque do exército israelense à casa da família Haniyeh em Gaza, uma afirmação que o exército não confirmou. Em abril, três dos 13 filhos de Haniyeh foram mortos por forças israelenses em outra operação militar em Gaza.
Ele se manteve desafiador diante da perda, um tema comum na vida de Haniyeh. "Não vamos ceder, não importa os sacrifícios," disse Haniyeh na época, observando que já havia perdido dezenas de membros da família na guerra.