Venezuela rompe relações diplomáticas com Peru, que denunciou "fraude" eleitoral
Chanceler venezuelano afirmou que 'temerárias declarações' de Lima 'desconsideram a vontade do povo'
A Venezuela rompeu relações diplomáticas com o Peru nesta terça-feira, após as "temerárias declarações" de Lima, que reconheceu o opositor Edmundo González Urrutia como "presidente eleito", apesar de o presidente de esquerda Nicolás Maduro ter sido proclamado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral, de linha oficialista.
"O Governo da República Bolivariana da Venezuela decidiu romper relações diplomáticas com a República do Peru (...) Somos obrigados a tomar esta decisão após as temerárias declarações do chanceler peruano que desconsideram a vontade do povo venezuelano e a nossa Constituição", declarou o chanceler venezuelano, Yván Gil, em uma mensagem no X (anteriormente conhecido como Twitter).
Nesta segunda-feira, o Peru se tornou o primeiro país a reconhecer o diplomata Edmundo González Urrutia. O anúncio foi feito pelo chanceler peruano, Javier González-Olaechea, que no início do dia já havia informado que seu país iria reforçar os controles migratórios para evitar um novo êxodo de venezuelanos.
— Com toda a clareza, Edmundo González é o presidente eleito da Venezuela. Esta posição é partilhada por numerosos países, governos e organizações internacionais — disse o ministro.
Segundo o chanceler, o Ministério das Relações Exteriores do Peru teve acesso a dados oficiais dos boletins das urnas obtidos pela Plataforma Unitária, coalizão de González, que atestam a vitória do presidenciável “com mais de 30 pontos de diferença” sob Maduro. Na avaliação do ministro, as justificativas de vitória usadas pelo chavismo, que ainda não apresentou a totalidade das atas das seções eleitorais, são baseadas em “argumentos absolutamente falaciosos”.
Segundo González-Olaechea, as autoridades peruanas não descartam a possibilidade de considerar o regime de Maduro como um governo de facto a partir de janeiro de 2025, quando termina o seu segundo mandato.
— Até o final de seu mandato, ele é um presidente; no final de seu mandato, ele se tornaria um governo de facto — disse a autoridade.