Delta quer processar Microsoft por prejuízo de US$ 500 milhões com apagão cibernético
A estimativa é de que 40 mil servidores da companhia aérea tiveram que restabelecer sua operação manualmente após a interrupção
A Delta Air Lines está se preparando para sofrer um impacto negativo de US$ 500 milhões devido ao apagão cibernético ocorrido neste mês e que levou ao cancelamento de milhares de voos e manchou a reputação da companhia aérea.
Em comunicado nesta quarta-feira, a empresa disse que exigirá indenização de duas grandes empresas de tecnologia alegando que perdeu US$ 500 milhões (R$ 2,83 bilhões) devido ao apagão virtual global em 19 de julho, anunciou o seu principal executivo nesta quarta-feira.
A Delta disse ainda que contratou o escritório de advocacia do advogado David Boies para cuidar do caso. A CNBC informou anteriormente que a Delta planeja buscar indenização por danos causados pela interrupção, citando comentários do CEO Ed Bastian.
"Não temos outra opção", comentou o diretor da Delta Air Lines, Ed Bastian, quando foi questionado pela CNBC sobre possíveis ações judiciais decorrentes desses prejuízos.
Bastian destacou que o apagão global resultou em um custo total de "meio bilhão de dólares em um período de cinco dias", entre "a perda de receita, mas também pelas dezenas de milhões de dólares por dia em indenizações e em hotéis" para os passageiros que não puderam embarcar em seus voos.
"Estamos tratando de garantir que sejamos compensados de qualquer forma que eles decidam pelo que nos custou", disse, referindo-se às empresas americanas Microsoft e CrowdStrike.
O valor, em linha com as expectativas de Wall Street, destaca o impacto oneroso da interrupção das operações da Delta por dias, que deixou os passageiros presos e provocou uma investigação federal sobre a companhia aérea. Os analistas do Citigroup já reduziram as estimativas para os lucros da Delta antes de juros e impostos no trimestre atual em cerca de US$ 500 milhões.
Falha na atualização de software
A CrowdStrike, empresa de cibersegurança protagonista do apagão cibernético, que afetou aeroportos, hospitais, veículos de comunicação, bancos e muitos outros serviços em vários países, afirmou que a falha foi causada por um erro em seu software de segurança, o Falcon.
O problema se espalhou para milhões de computadores com o sistema operacional Windows da Microsoft, o mais popular do mundo. O grupo indicou que 8,5 milhões de dispositivos com esse sistema foram afetados, quase 1% dos computadores que operam com ele.
Embora muitas companhias aéreas tenham conseguido se recuperar rapidamente, os cancelamentos da Delta se estenderam até o meio da semana seguinte. Estima-se que cerca de 40.000 servidores da Delta tenham precisado restabelecer sua operação manualmente após a interrupção.
"Se você tem acesso prioritário ao sistema interno da Delta em termos de tecnologia, as coisas precisam ser testadas. Não se pode entrar em uma operação crítica 24 horas por dia, 7 dias por semana e dizer 'temos um erro, algo não está funcionando'", argumentou Bastian.
A recuperação mais demorada da empresa resultou dos efeitos da interrupção em um sistema interno usado para processar alterações em muitos voos e suas tripulações. Isso criou um efeito cascata, deixando a Delta incapaz de alinhar totalmente suas tripulações e aviões.
Na semana passada, o Departamento de Transportes dos EUA abriu uma investigação sobre a maneira como a companhia aérea lidou com a pane. A Melius Research disse que é provável que a companhia aérea seja multada por essa investigação, além dos impactos sobre os lucros.