RECIFE

Trabalhador que morreu ao cair em elevador do HR é sepultado; família moverá ações contra empresa

O velório de Roberto Vieira Barreto ocorreu de forma intimista, sob forte comoção da família

Trabalhador que faleceu após sofrer acidente de trabalho no Hospital da Restauração é sepultado. - Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

O serralheiro Roberto Vieira Barreto, de 55 anos, que faleceu após sofrer um acidente de trabalho no Hospital da Restauração (HR), no Recife, foi velado e sepultado na tarde desta quinta-feira (1º), no Cemitério de Santo Amaro, na área central da capital pernambucana.

A despedida de Roberto Vieira ocorreu de forma intimista, sob forte comoção da família e amigos mais próximos. 

"É doloroso, muito triste. Estamos todos devastados, sem acreditar. Passei a noite com a minha irmã, parece que a ficha ainda não caiu. Se fosse uma pessoa que já estava doente, mas não. Ele saiu de casa bem, foi trabalhar, é muito difícil", contou Verônica Santos, cunhada da vítima.

Verônica comentou ainda que a equipe de enfermagem do HR, setor onde a irmã dela trabalha na instituição, tem sido solidária e prestado apoio.

Sobre a empresa para a qual Roberto trabalhava, ela afirmou que a Dibasa arcou com todos os custos do sepultamento. 

 Verônica Santos, cunhada da vítima. Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco.

Família moverá ações contra empresa
Os advogados da família anunciaram que entrarão com uma ação trabalhista contra a Dibasa Elevadores. De acordo com a família e com os advogados, Roberto trabalhava há mais de 10 anos de forma irregular na empresa.

O advogado Adriano Cabral explicou quais os próximos passos dos trâmites legais que estão sendo tomados pela equipe. 

"A partir das informações colhidas com a família, nós descobrimos que ele trabalhava de forma irregular há mais de 10 anos nesta empresa, como subcontratado, mas, na verdade, era subordinado exclusivamente à empresa de elevadores", contou o advogado.

Na foto, a equipe de advogados da família. Adriano Cabral, advogado, e Antero Ferreira, advogado e cunhado da vítima. Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco.

O primeiro passo, de acordo com os advogados, será entrar com uma ação trabalhista para o reconhecimento de vínculo trabalhista do trabalhador junto à empresa.

"Além disso, essa empresa não tomava o cuidado, pelo menos pelas informações fornecidas, em fornecer EPIs adequados para a segurança e a saúde do trabalhador. Vamos tomar providências em relação a isso e entrar com uma ação trabalhista para reconhecimento de vínculo trabalhista”, contou Adriano.

Além da ação trabalhista, os advogados da família também devem pedir uma indenização por danos morais e materiais. 

“Claro que isso não vai, de forma alguma, resolver o problema existencial da família de perder um ente querido. O objetivo é, ao menos tentar minimizar e, também, de forma pedagógica, fazer com que essa empresa entenda que não se pode contratar trabalhadores de forma irregular, tampouco sem os equipamentos mínimos de segurança”, explicou o advogado.

A reportagem da Folha de Pernambuco procurou novamente a Dibasa Elevadores, solicitando um novo posicionamento da empresa, com relação à contratação irregular do trabalhador. Porém, até a publicação desta reportagem, não obteve retorno. 

O Hospital da Restauração (HR), na área Central do Recife. Foto: Walli Fontanelle/Folha de Pernambuco 

MPT abre inquérito para investigar morte de trabalhador
O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco instaurou inquérito civil para apurar o acidente que causou a morte do trabalhador que realizava procedimento de manutenção em um dos elevadores do Hospital da Restauração (HR). 

Sobre a atuação do Ministério Público do Trabalho, o advogado da família, Adriano Cabral, complementou:

"Nossas ações acontecem de forma paralela à do Ministério Público do Trabalho de Pernambuco. O órgão vai investigar se houve culpa e vai apurar a responsabilidade, tanto da empresa como da contratante tomadora, que, no caso, é o Estado, já que ele estava prestando um serviço para o estado na instalação”, disse o advogado.

Segundo ele, o Ministério Público do Trabalho pode, no caso, "multar, fazer um termo de ajustamento de conduta, e pode, inclusive, enviar um inquérito oferecendo uma denúncia para o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), caso conclua que houve uma omissão grave que justifique um processo de homicídio".