"Virginia": peça com Claudia Abreu aporta no Recife nesta sexta-feira (2)
Espetáculo, que entra em cartaz no Teatro do Parque, aborda a vida da escritora Virginia Woolf
“Virginia” marca uma dupla estreia na carreira de Claudia Abreu. Além de ser o primeiro monólogo estrelado por ela, a peça lança a atriz como autora teatral.
Dois anos após ser encenada pela primeira vez, em São Paulo, a montagem chega ao Recife para três sessões no Teatro do Parque: nesta sexta-feira (2) e no sábado (3), às 20h, e no domingo (4), às 19h.
Claudia já havia experimentado a escrita em 2017, com o roteiro da série infantil “Valentins”, para o canal Gloob. Desde então, a vontade de assinar suas próprias histórias nos palcos só foi crescendo dentro da artista carioca.
Já a ideia de escrever sobre Virginia Woolf (1882-1941), especificamente, surgiu com as leituras das obras da autora inglesa.
Aos 18 anos, a atriz integrou o elenco de “Orlando”, adaptação teatral do romance homônimo de Woolf, dirigido por Bia Lessa. No entanto, apenas em 2016, ela retomou o contato com a obra da célebre escritora.
“Fiquei arrebatada. Fui lendo um livro atrás do outro, muito identificada com o jeito dela de escrever, a percepção sensível dela sobre as coisas, as impressões, epifanias e mesmo o estilo dela”, conta a atriz, em entrevista à Folha de Pernambuco.
Inventário íntimo
A partir do interesse literário, Claudia foi tomada por uma profunda curiosidade sobre a história pessoal de Virginia, o que a levou a consumir avidamente biografias, diários e memórias.
“Achei a vida dela tão fascinante quanto a obra”, declara Claudia, que diz ter sido “fisgada” pelo desejo de retratar a escritora em uma peça.
Com tantos recortes possíveis a partir da conturbada trajetória pessoal de Virginia Woolf, Claudia optou por criar um “inventário íntimo” da vida da britânica.
No espetáculo, a escritora dedica seus últimos momentos - antes de pular em um rio com os bolsos cheios de pedra - a rememorar dores, afetos, conquistas e desilusões.
“A peça traz a Virginia naquele átimo de consciência ainda, mas já um pouco em delírio, o que possibilita a liberdade de reviver os fatos da vida dela através de fluxos de consciência, que foram tão presentes como inovação literária na obra dela. São vozes da família, dos amigos, do marido, da amante e até mesmo dos personagens de seus livros”, explica.
Recorte humano
Claudia sobe ao palco para tratar de temas que vão desde a condição feminina ao longo do tempo até questões existenciais, passando pelos cuidados com a saúde mental.
“Você não precisa ser uma leitora da Virginia Woolf para se identificar com a peça. É a humanidade dela, com todas as complexidades, que serve de matéria-prima para o espetáculo”, aponta.
Para conduzir a encenação, Claudia convidou o renomado diretor mineiro Amir Haddad. Os dois já haviam trabalhado juntos em 1997, em “Noite de Reis”, peça de Shakespeare.
“Estar em cena sozinha não é fácil. Corpo, palavra, luz e som é tudo o que eu tenho para falar, durante uma hora, sobre a existência inteira de uma mulher extraordinária. Quem me deu a confiança para fazer isso foi o Amir, porque ele trabalha muito com a autonomia do ator ser dono da sua própria palavra e ocupar seu espaço”, afirma.
Na televisão
Foi no teatro que a carreira de Claudia Abreu começou, mas na televisão é que o grande público passou a conhecê-la. Estrela de novelas e séries como “Barriga de Aluguel”, “Anos Rebeldes” e “Celebridade”, a atriz foi mais uma a encerrar contrato de exclusividade com a Globo, no ano passado.
Claudia aprova a nova forma de contratação da emissora e diz que ele traz mais liberdade para os artistas. “É bom para todo mundo. Inclusive, minha história com a Globo sempre foi de liberdade. Entrei com 16 anos e já saí por vontade própria algumas vezes”, relembra.
“Quando houve a retomada do cinema brasileiro, por exemplo, eu pude participar ativamente. Fiz vários filmes, um atrás do outro, justamente porque optei por não ter contrato e poder ter o tempo que precisasse para me dedicar aos projetos”, complementa a atriz, que já assinou com o Prime Video para protagonizar a série médica “Sutura”, ainda sem previsão de estreia.
Atualmente, Claudia também pode ser vista pelo público na reprise da novela “Cheias de Charme”, exibida originalmente em 2012. Na trama das 19h, a atriz interpretou a espalhafatosa cantora Chayene, um papel bem diferente do que ela encarna hoje no teatro.
“Fazer sempre personagens parecidos te deixa um pouco previsível. Como artista, acho sempre muito bom poder diversificar e me colocar disponível para riscos diferentes", analisa Claudia, que relembra o papel na novela de Izabel de Oliveira e Filipe Miguez.
"Quando fiz a Chayene, tinha acabado de ter dois filhos seguidos. Estava em casa com dois bebês e mais duas meninas com menos de 10 anos. Era um período difícil, mas não tinha como recusar a oportunidade de fazer uma personagem onde eu podia cantar, dançar e fazer um tipo cômico. São esses momentos que você sente que tem algo imperdível, para mostrar algo que não mostrou ainda e poder abrir uma janela nova”, reflete.
Serviço:
Espetáculo “Virginia”, com Claudia Abreu
Quando: hoje e amanhã, às 20h; e domingo, às 19h
Onde: Teatro do Parque (Rua do Hospício, 81, Boa Vista, Recife)
Ingressos a partir de R$ 70, no Sympla