Sustentabilidade

Descarbonização no transporte público: confira tendências

Aumento do uso de bicicletas e de veículos a gás na frota são os caminhos para uma mobilidade mais sustentável

Descarbonização no transporte público: confira tendências - Paulo Maciel/Grande Recife/Divulgação

A descarbonização no transporte público está ganhando destaque globalmente como uma necessidade urgente para combater o impacto das mudanças climáticas e reduzir a poluição urbana.

O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, da ONU, é claro: é necessário cortar o consumo de petróleo no mundo em pelo menos 60% até 2050 – e, com isso, massificar meios alternativos de mobilidade.

As principais tendências incluem o desenvolvimento de veículos elétricos, híbridos e a gás natural (GN), bem como o estímulo do uso de bicicletas.

“A descarbonização do transporte público é uma agenda cada vez mais relevante e presente no nosso cotidiano e nas nossas demandas. Há algumas saídas que estão ao nosso alcance e outras que ainda são utópicas devido aos custos”, frisou o presidente da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), Felipe Valença. 

Uma das saídas efetivas, mas que requer um valor alto de investimento, são os ônibus elétricos. “Alguns lugares estão testando o ônibus elétrico, mas ainda é uma realidade distante pelo custo que possuem, em especial no Brasil. É um valor alto que acaba gerando despesas que podem refletir na precificação das passagens, por exemplo, mas que não deve ser descartada”, completou o presidente da empresa.

Pensando em possibilidades mais viáveis, os protótipos de ônibus movidos a gás natural estão sendo implementados como uma alternativa mais limpa aos combustíveis fósseis tradicionais.

De acordo com a Agência Internacional de Energia, em média, o uso do GN gera 26% de gás carbônico (CO2) por unidade de energia gerada (BTU – British Thermal Unit) a menos do que a gasolina, e 27% em relação ao diesel, con¬sumido por automóveis, caminhões e ônibus.

Em busca de diminuir as emissões de poluentes e potencializar a eficiência energética utilizando fontes de energia renováveis no setor de transporte público, Pernambuco vem testando veículos movidos a gás natural. O projeto é uma parceria do Governo do Estado, Grande Recife Consórcio de Transporte (CTM) e Copergás com a Mobibrasil.

“Essa fase de testes está em finalização e, muito em breve, traremos os resultados. Embora eu não tenha dúvidas que Pernambuco tem tudo para ser um case nacional, já que ninguém no Brasil ainda tem uma frota de ônibus a gás”, pontuou Valença.

A busca pela descarbonização no transporte público com os ônibus a gás vai além dos benefícios sustentáveis.  

“Esses tipos de veículos não apenas reduzem as emissões de gases de efeito estufa, mas também diminuem a poluição sonora, proporcionando uma experiência de viagem mais silenciosa e agradável aos passageiros”, acrescentou o presidente da Copergás.

Outra tendência importante para a descarbonização no transporte público é o incentivo ao uso das bicicletas como uma forma de transporte sustentável. A construção de ciclovias seguras e conectadas é fundamental para promover o ciclismo urbano.

Cidades como Amsterdã, na Holanda, e Copenhagen, na Dinamarca, são exemplos de sucesso na criação de infraestrutura cicloviária que incentiva o uso da bicicleta. 

Atualmente, o Recife possui 193 km de malha cicloviária, entre ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, representando um aumento de mais 600% desde 2013.

Além disso, programas de compartilhamento de bicicletas, como o Bike Itaú, operado pela Tembici, no Brasil, oferecem uma alternativa prática e ecológica para deslocamentos curtos.

Os benefícios ambientais e de saúde do uso da bicicleta são significativos. A redução da emissão de poluentes, a diminuição do congestionamento no trânsito e a promoção da saúde são algumas das maiores vantagens.

Programas educacionais, campanhas de conscientização e políticas públicas estão desempenhando um papel importante em motivar mais pessoas a adotarem a bicicleta como meio de transporte.