Banco Central

Banco Central estabelece regras para reuniões com agentes do mercado financeiro

O BC também definiu que os membros do Copom comecem a se reunir semanalmente com economistas que participam da pesquisa Focus. Medida entra em vigor neste semestre

Sede do Banco Central do Brasil - Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O Banco Central estabeleceu regras para reuniões entre seus diretores e agentes do mercado financeiro para alinhar sua comunicação em meio a um temor dos investidores de que a autoridade monetária se torne mais leniente com a inflação.

Reuniões privadas serão preferencialmente realizadas pessoalmente e não poderão ser gravadas, embora aquelas com mais de 15 participantes sejam uma exceção e tenham de ser abertas à imprensa, de acordo com o comunicado publicado na sexta-feira. A mesma organização externa não pode realizar mais de uma reunião por um período de 60 dias.

A decisão foi motivada em parte por uma reunião com investidores em abril, inesperadamente aberta à imprensa no último minuto, na qual o presidente Roberto Campos Neto alterou a orientação do BC para a política monetária, disse uma pessoa com conhecimento do assunto.

Embora as regras não limitem de forma alguma a manifestação de integrantes do Copom sobre política monetária, elas procuram estabelecer maior previsibilidade para reuniões quando tais declarações podem ocorrer, disse a pessoa, solicitando anonimato para discutir o assunto.

O Banco Central tem sido alvo de escrutínio intenso diante da alta das expectativas de inflação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem criticando a autoridade monetária pelo alto custo de crédito no país, e muitos investidores agora temem que a instituição se torne mais branda em relação à inflação depois que Lula indicar um substituto para Campos Neto e ainda dois novos diretores neste ano. Ao mesmo tempo, os analistas estão precificando aumentos das taxas para os próximos meses.

O BC também definiu que os membros do Copom comecem a se reunir semanalmente – e não mensalmente – com economistas que participam de sua pesquisa Focus. 

“O objetivo é captar de forma mais tempestiva o sentimento e as projeções dos analistas econômicos ao longo do trimestre. A mudança já entrará em vigor neste semestre”, diz o comunicado.