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México pede a Israel que esclareça se protege ex-chefe de polícia acusado de tortura

O presidente mexicano considera importante que Zerón esclareça contra quem houve atos de tortura, além de ser punido pelos supostos abusos

Tomás Zerón, ex-chefe de investigação criminal da promotoria mexicana - Reprodução/X

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, pediu nesta sexta-feira (2) que Israel esclareça se protege um ex-comandante de polícia mexicano acusado de tortura no contexto das investigações sobre o desaparecimento de 43 estudantes em 2014.

Desde 2021, o México pede a Israel que entregue Tomás Zerón, ex-chefe de investigação criminal da promotoria. Os dois países não compartilham um acordo de extradição.

"Dizem que o protegem, e isso o governo de Israel têm que esclarecer", disse López Obrador, lembrando que enviou duas cartas a primeiros-ministros israelenses, incluindo o atual, Benjamin Netanyahu, exigindo que o ex-agente seja enviado ao México.

Zerón, que inicialmente fugiu para o Canadá, e depois para Israel, é acusado pela Justiça mexicana de coordenar atos de tortura contra suspeitos de participar do desaparecimento dos 43 estudantes da escola de professores de Ayotzinapa, ocorrido em setembro de 2014.

"Dizem que o protegem porque está ligado a fornecedores de armas e equipamentos. Há elementos de prova de que ele dirigiu o operativo de tortura", reiterou o presidente, destacando que nenhum país pode proteger "torturadores".

O tribunal responsável pelo caso libertou dezenas de detidos que alegaram terem sido torturados para que confessassem, mas, segundo López Obrador, também foram libertadas pessoas que testemunharam sem terem sido vítimas de violência.

O presidente mexicano considera importante que Zerón esclareça contra quem houve atos de tortura, além de ser punido pelos supostos abusos. Em dezembro de 2023 e em fevereiro passado, o Ministério da Justiça de Israel comunicou ao México que o pedido estava em "fase final de análise".

O caso dos estudantes de Ayotzinapa é considerado um dos piores de violações de direitos humanos já ocorridos no México, onde cerca de 100.000 pessoas desapareceram desde 2006, em meio à violência relacionada ao tráfico de drogas.

Segundo as investigações, os jovens foram detidos por policiais corruptos, que os entregaram a traficantes de drogas. Presume-se que todos tenham sido assassinados, mas apenas os restos mortais de três deles foram localizados.