Camila Pitanga fala sobre relação com a mãe, diagnosticada com transtorno de personalidade paranoide
"Os impactos das diferenças de humor que vivi na infância não se apagam, mas estamos tendo um encontro profundo agora, na velhice", conta a atriz
Criada pelo pai, o ator Antonio Pitanga, Camila Pitanga falou sobre a relação com a mãe, a atriz e bailarina Vera Manhães, durante entrevista à jornalista Maria Fortuna no "Conversa vai, conversa vem", videocast do Jornal O Globo.
Este é um assunto delicado para a atriz, que a vida toda precisou conviver com o transtorno de personalidade paranoide, diagnosticado em Vera.
"Minha mãe tem síndrome paranoide persistente. Sendo bem honesta, sempre foi muito difícil, pesado, uma responsabilidade e missão que me impingi e da qual não me arrependo", disse à repórter Maria Fortuna.
"Mas a relação com a minha mãe não foi nada dada, é algo esculpido, trabalhado, nada fácil. Porque os impactos dessas diferenças de humor, do que vivi na minha mais tenra infância, é muito difícil. E não se apagam, mas a gente tem que transcender, né?".
Camila contou como a maturidade das duas - a atriz está com 47 anos; Vera, com 74 - vem ajudando a desatar nós e costurar um elo mais forte entre as duas.
"Estou tendo um encontro profundo com minha mãe. A gente passou por uma nova etapa de vida, de confiança e amizade. Ela velha, eu velha... Estamos numa qualidade afetiva que está me nutrindo tanto..."
Um ponto importante de virada rumo à aproximação veio na pandemia.
"Talvez isso seja mais trivial para muitas famílias, mas estou falando porque foi uma conquista, uma batalha para a minha... A emoção de quando ela foi vacinada... Pode ser óbvio para muita gente, mas falei: "Cara, não quero que minha mãe morra, quero muito ela viva". Essa felicidade de senti-la mais protegida e mais perto de mim foi especial".