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Turismo para eventos esportivos e shows vai movimentar US$ 1,5 tri no mundo até 2032

Futebol ainda é a modalidade que mais atrai visitantes, aponta pesquisa

Eras Tour, de Taylor Swift, movimentou o mundo - Michael Tran/AFP

Se você perdeu a conta de quantas pessoas ao seu redor recentemente postaram fotos em uma corrida de Fórmula 1 ou em um show da Taylor Swift, é bem possível que você não esteja sozinho.

De acordo com uma nova pesquisa da Collinson International, que controla os lounges de aeroporto Priority Pass e LoungeKey ao redor do mundo, o turismo esportivo e musical está crescendo a taxas sem precedentes e estima-se que, ate 2032, represente uma indústria de US$ 1,5 trilhão.

O turismo esportivo responde pela maior parte desse valor. Avaliado em US$ 564,7 bilhões em 2023, espera-se que ele salte para US$ 1,33 trilhão nos próximos oito anos.

Já o turismo musical deve contribuir com mais US$ 13,8 bilhões, mais do que dobrando sua atual avaliação de US$ 6,6 bilhões.

Em seu relatório, publicado em 29 de julho, a Collinson define viajante como qualquer pessoa que tenha viajado para um evento, internacionalmente ou em seu próprio país.

De 8.537 viajantes entrevistados de 17 países, mais de quatro em cada cinco (83%) voaram para um evento esportivo, enquanto 71% pegaram um avião para um show nos últimos três anos ou planejam fazê-lo nos próximos 12 meses.

A Collinson usou esses resultados para demonstrar como a indústria tem se expandido e pode continuar a fazê-lo— assumindo um crescimento linear apesar de eventos históricos como a Eras Tour, de Taylor Swift, ou as primeiras Olimpíadas em oito anos a permitir a presença de espectadores, em Paris.

"As pessoas estão dando mais valor às experiências do que aos objetos", diz Christopher Ross, presidente da Collinson International EMEA. "Se você está indo a um evento esportivo ou musical, a experiência não começa apenas quando você entra no estádio. É o planejamento, a viagem em si e a empolgação."

Cerca de 83% das pessoas que viajam para eventos estão indo para partidas de futebol, jogos de basquete, Olimpíadas, corridas de F1 ou torneios de tênis — os cinco eventos esportivos mais populares, em ordem decrescente. Graças às redes on-line, diz Ross, "a capacidade de se tornar um fã global é cada vez mais real."

O futebol conquistou 69% dos frequentadores de esportes na pesquisa, que disseram ter viajado recentemente para uma partida ao vivo ou planejam fazê-lo no próximo ano. Isso inclui os mais de 1 milhão de fãs no que estiveram no Catar para a Copa do Mundo de 2022, mas não aqueles que planejam assistir à próxima Copa, em 2026.

A F1, por sua vez, tem ganhado popularidade entre as gerações mais jovens desde que a Netflix estreou sua série documental "Fórmula 1: Dirigir para viver", em 2019. Nada menos que 30% dos fãs de F1 atribuíram seu interesse pelo esporte ao programa. Em 2023, o fim de semana médio de corridas teve mais de 270 mil espectadores presenciais, contra 195 mil em 2019.

Não é apenas o aumento no interesse pelo esporte; os preços dos ingressos também estão subindo. Os ingressos para a última temporada de corridas no Reino Unido chegaram a US$ 765 (R$ 4.360) para assentos premium, com a entrada comum frequentemente custando mais de US$ 500 (R$ 2.850) por pessoa — frente a US$ 384 (R$ 2.188) há dois anos — o que levou o piloto britânico Lewis Hamilton a criticar publicamente a alta dos preços.

Para Ross, esses ingressos são apenas um aspecto da economia do turismo esportivo, que também inclui estadas em hotéis, refeições em restaurantes, corridas de táxi, mercadorias e outras despesas.

Dados da Collinson mostram que 77% dos viajantes chegam um ou dois dias antes de um show ou competição, e cerca de 80% permanecerão de um a três dias depois.

Os turistas esportivos são os que mais gastam, com 51% ultrapassando US$ 500 por viagem por pessoa em voos e outras despesas, sem incluir os ingressos para o evento.

Em Las Vegas, que em novembro de 2023 sediou uma corrida de F1, o evento gerou um impacto econômico de US$ 1,5 bilhão, 50% a mais do que o Super Bowl arrecadaria apenas três meses depois.

“É uma audiência mais jovem” diz Ross sobre os fãs de F1, que estão entre os mais propensos a adicionar despesas extras em suas viagens esportivas.

Isso não diminui o impacto de outros eventos. As Olimpíadas de Paris estão atraindo turistas suficientes para que as reservas no Airbnb aumentem 133% em relação ao mesmo período do ano passado.

Espera-se que turistas internacionais paguem cerca de US$ 5 mil (R$ 28 mil) por hospedagem, passagens aéreas e ingressos para eventos. E os fãs de esportes, segundo a Collinson, também estão dispostos a gastar em aeroportos — o que é relevante para a empresa.

Mais da metade dos fãs de esportes, segundo a pesquisa, gastam US$ 500 (R$ 2.850) ou mais apenas no aeroporto. Aqueles entre 25 e 34 anos são os que mais gastam, e um terço deles chega a despender mais de US$ 1 mil (R$ 5,7 mil) enquanto esperam para embarcar.

No campo da música, a Collinson cita grandes eventos como Rock in Rio, Coachella e Eras Tour como impulsionadores do turismo.

Mas este último é algo sem precedentes. Os fãs de Taylor Swift provocaram aumentos anuais de 45% nas vendas de passagens aéreas para destinos como Milão e Munique nas datas dos shows, de acordo com a United Airlines, e a turnê resultou em picos de reservas para os hotéis de luxo de Paris maiores até mesmo do que nas Olimpíadas.

Para o setor de hospitalidade, a questão agora é como aproveitar a tendência. A Marriott International usou a Eras Tour como uma oportunidade para conquistar novos membros para seu programa de fidelidade Bonvoy, prometendo ingressos gratuitos em sorteios.

Em contraste, a Auberge Resorts Collection, que tem 27 resorts cinco estrelas, da Itália ao Havai, está se associando à Mercedes-Benz para criar uma nova série de concertos a partir de outubro. Até agora, estão previstas apresentações de Kate Hudson, Maren Morris e LeAnn Rimes.

No icônico Blackberry Farm Resort, no Tennessee, a programação inclui apresentações de Kacey Musgraves, Emmylou and Friends e Noah Kahan nos próximos meses, com ingressos a partir de US$ 1 mil.