ELEIÇÕES

Lula pede transparência e defende diálogo entre chavismo e oposição na Venezuela

A Venezuela se tornou um tema central no encontro com Gabriel Boric, ainda que não estivesse na pauta da reunião bilateral

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Claudio Kbene/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a transparência e diálogo após a contestada reeleição de Nicolás Maduro, acusado de fraude eleitoral pela oposição. Ele está em Santiago, no Chile, onde se reuniu com Gabriel Boric sob a sombra da disputa em Caracas.

Lula disse que informou o chileno sobre as conversas com os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Andrés Manuel López Obrador sobrea crise na Venezuela. E seguiu: "O respeito pela tolerância e soberania popular nos faz defender a transparência dos resultados. O compromisso com a paz nos leva a conclamar as partes ao diálogo".

A Venezuela se tornou um tema central no encontro, ainda que não estivesse na pauta da reunião bilateral. O Brasil não reconheceu resultados da eleição e tem cobrando pela divulgação das atas que comprovariam os resultados. O presidente Lula, no entanto, disse na semana passada que não vê nada de "grave" ou "anormal" no processo.

O Chile também espera pelos dados das urnas, mas adotou uma posição mais firme com Nicolás Maduro. Gabriel Boric, também de esquerda, disse que os resultados apresentados pelo Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo chavismo, são "difíceis de acreditar". Em retaliação, a Venezuela fechou a representação diplomática do Chile, assim como fez com outros países da região que contestaram a vitória de Maduro.

Peru, Argentina, Uruguai, Equador, Costa Rica e Panamá foram além e seguiram os Estados Unidos, ao reconhecer Edmundo González como presidente eleito da Venezuela. A oposição afirma ter cópias das atas que confirmariam a sua vitória. A pressão foi reforçada pela União Europeia, que não reconheceu os resultados e cobrou verificação independente.

Maduro diz não aceitar que os opositores tentem "usurpar" a presidência e comparou Edmundo González a Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente após eleições contestadas em 2019, sendo reconhecido por Brasil, Estados Unidos e mais 50 países.

Lula no Chile
Lula teve uma reunião privada e uma ampliada com Boric no Palácio de La Moneda, sege do governo chileno. A visita tem o objetivo oficial de ampliar parcerias e estava prevista inicialmente para maio, mas foi adiada pela tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul.

Antes da declaração à imprensa, os presidentes assinaram uma série de acordos nas áreas de ciência, tecnologia, saúde, defesa da democracia, direitos humanos e comércio e um plano de ação para fortalecer o turismo.

A agenda de Lula esta segunda no Chile ainda prevê encontros com os presidentes da Suprema Corte, Ricardo Blanco Herrera, do Senado, José García Ruminot, e da Câmara, Karol Cariola Oliva. Além de reuniões com o secretário executivo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e Roberto Alvo, CEO da Latam, a maior empresa chilena em operação no Brasil. O presidente ainda participa, no começo da noite (horário de Brasília) do encerramento do foro empresarial Brasil-Chile.

Amanhã, a expectativa é que ele se reúna com a prefeita de Santiago Irací Hassler, e com o ex-presidente Ricardo Lagos, antes do retorno a Brasília.