Greve dos ônibus: Urbana-PE promete empenho em manter transporte no Grande Recife mesmo com parada
Rodoviários devem fazer reunião para definir a data de início da paralisação
Após a aprovação de indicativo de greve dos rodoviários do Grande Recife, a Urbana-PE, que gere as empresas de ônibus da região, repudiou a decisão por paralisação, que ainda não tem data oficial de início.
A concessionária afirmou também que vai se empenhar "manter oferta de transporte público", mesmo que uma parada seja deflagrada.
"Caso o Sindicato dos Rodoviários opte pela deflagração da greve, a Urbana-PE assegura que se empenhará para manter a oferta do transporte público por ônibus e minimizar os prejuízos para a população e para a economia local", disse a Urbana-PE, por meio de nota oficial.
A Urbana-PE afirmou, ainda, que "se manteve aberta ao diálogo durante todo o processo, apresentou propostas concretas e sempre buscou um entendimento com os representantes da categoria".
"Lamentavelmente, as lideranças rodoviárias rejeitaram qualquer possibilidade de acordo e optaram por persistir causando transtornos à população da Região Metropolitana do Recife (RMR). Alertamos que esses movimentos, assim como as tratativas acerca das negociações, têm contado com o envolvimento direto de grupos de não rodoviários com motivações políticas e até de sindicalistas de outros estados, sem qualquer relação com a categoria local ou compromisso com os seus pleitos", completou a Urbana-PE. Veja a nota na íntegra no fim do texto.
Entenda a greve
Ao todo, trabalhadores de 12 empresas de ônibus da região votaram a favor do indicativo de greve, que é um mecanismo legal que notifica uma data legal para paralisação. As últimas permissionárias que passaram por assembleia foram Cidade Alta e MobiBrasil, na manhã desta quarta-feira (7).
A votação do sindicato dos Rodoviários passou também pelas empresas: São Judas Tadeu, Caxangá, Borborema, Metropolitana, Itamaracá, Globo, Consórcio Recife, Viação Mirim, Rodotur e Vera Cruz. O indicativo de greve é um mecanismo legal que notifica uma data legal para paralisação
O próximo passo vai ser uma reunião da diretoria do Sindicato dos Rodoviários, que deve acontecer entre esta quarta e quinta (8). Lá, a categoria vai decidir o dia de parada oficial dos ônibus no Grande Recife. Os trabalhadores buscam, entre outras demandas, reajuste salarial e implementação de plano de saúde. Em contato com a reportagem da Folha de Pernambuco, no entanto, a categoria afirmou que a paralisação geral deve acontecer apenas a partir da próxima semana.
A categoria também está aberta a ouvir novas propostas da Urbana-PE.
"A proposta deles foi rejeitada. Se eles apresentarem outra proposta, a gente vai ouvir. Se não fizerem isso, vamos ter que parar. A greve é um instrumento que garante ao trabalhador o direito de reivindicar ou expressar as indignações com os empresários. Não queremos ir para a greve, queríamos avançar, mas, se tivermos que parar, vamos fazer isso, porque temos que ajudar a categoria", completou.
As assembleias acontecem em meio a um movimento de pressão da categoria, que começou com um protesto no Centro do Recife no último dia 26 de julho. Na ocasião, eles buscavam um posicionamento do Governo do Estado sobre a pauta, e afirmaram que podem "protestar mais" caso não haja um acordo.
Reprovação das propostas
Os rodoviários negociam reajustes com a Urbana-PE, que gere as empresas de transporte no Grande Recife, há cerca de um mês. Segundo o sindicato, no entanto, as propostas que não apresentaram melhorias significativas. Os motoristas alegam ainda que a empresa é capaz de oferecer, financeiramente, condições melhores do que foi proposto até agora.
Uma das propostas atuais é de 0,5% de aumento do salário acima da inflação. O pedido dos rodoviários, no entanto, foi de 5% de reajuste real.
A Urbana-PE propôs, ainda, um valor de R$ 400 para o vale-alimentação, além de um abono de R$ 180 para quem exerce a dupla função - também não aceitos pela categoria. Há, ainda, a instituição de um plano de saúde para os trabalhadores, que até hoje não contam com o benefício, assim como o controle das horas trabalhadas.
Relembra a última greve
No ano passado, entre os dias 26 e 31 de julho, a população do Grande Recife passou por dificuldades na última greve dos rodoviários.
Em seis dias de paralisação, usuários do transporte público da região enfrentaram longas filas e ônibus lotados - nos poucos veículos que seguiram rodando após contratos temporários das empresas.
À época, a categoria conseguiu reajuste salarial de 4%, além do abono de 70% dos dias de greve para os trabalhadores. Houve também a compensação das horas extras ou complementares, ponto importante para o sindicato.
De lá para cá, no entanto, o clima não esfriou. Somente neste ano a categoria já realizou diversos protestos, com paralisação dos ônibus. As motivações, dentre outras, são cobranças por melhoria das condições de segurança para os trabalhadores, que passaram por casos de violência recorrentes.
Confira, abaixo, a nota da Urbana-PE na íntegra.
A Urbana-PE reitera que desde o início do mês de julho tratou com o Sindicato dos Rodoviários sobre as negociações coletivas da categoria. A Urbana-PE se manteve aberta ao diálogo durante todo o processo, apresentou propostas concretas e sempre buscou um entendimento com os representantes da categoria.
Lamentavelmente, as lideranças rodoviárias rejeitaram qualquer possibilidade de acordo e optaram por persistir causando transtornos à população da Região Metropolitana do Recife (RMR). Alertamos que esses movimentos, assim como as tratativas acerca das negociações, têm contado com o envolvimento direto de grupos de não rodoviários com motivações políticas e até de sindicalistas de outros estados, sem qualquer relação com a categoria local ou compromisso com os seus pleitos.
É inaceitável que a nossa população e a mobilidade da RMR sejam penalizadas para servir aos interesses de determinados grupos. Apenas em 2024 a RMR já sofreu com 29 paralisações ilegais promovidas pelas lideranças rodoviárias, que parecem ter sido estendidas para coincidirem com o período eleitoral. Assim, caso o Sindicato dos Rodoviários opte pela deflagração da greve, a Urbana-PE assegura que se empenhará para manter a oferta do transporte público por ônibus e minimizar os prejuízos para a população e para a economia local.