RIO DE JANEIRO

Investigado, Ramagem nega desconfiar das urnas eletrônicas: "Não fui contrário ao resultado de 2022"

Candidato à Prefeitura do Rio, ex-chefe da Abin foi confrontado pela PF por orientar Bolsonaro em e-mails a atacar a lisura das eleições

Investigado, Ramagem nega desconfiar das urnas eletrônicas: "Não fui contrário ao resultado de 2022" - Vinicius Loures/Agência Câmara

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, negou desconfiar da lisura do processo eleitoral e das urnas eletrônicas em entrevista concedida nesta quarta-feira, na sabatina UOL/Folha.

As declarações foram dadas após a Polícia Federal achar arquivos em e-mails do parlamentar em que ele afirmava ter "total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018".

O O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é investigado por ter instituído um suposto esquema de monitoramento ilegal de desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro dentro do órgão.

— Todas as vezes que fiz comentários públicos sobre as urnas foi no sentido de aprimorar nosso sistema eleitoral. Nosso sentido eleitoral é válido, eu estou concorrendo, inclusive. (...) Não fui contrário ao resultado do pleito de 2022, nunca expressei dessa forma. A gente não pode deixar de ter opinião e evoluir os nossos sistemas sempre. É um equívoco taxar as pessoas de não poderem fazer críticas. (...)

— Acredito que tem que ter um escrutínio público das urnas, como é feito na Alemanha. Comprovação das atas, como está sendo feito com o Maduro (Venezuela). Não é por causa disso que eu vou ficar contestando o resultado de qualquer forma. Tenho as minhas opiniões, mas nunca cheguei publicamente a contestar qualquer pleito eleitoral — garantiu Ramagem

Segundo a PF, em um dos textos guardados em formato de word no arquivo "Presidente TSE informa.docx", há uma orientação para traçar uma estratégia de reforçar politicamente a "vulnerabilidade" das urnas eletrônicas.

"Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018, com vitória do sr. (presidente Bolsonaro) no primeiro turno. Todavia, ocorrida na alteração de votos", destaca o documento encontrado no e-mail de Ramagem.

Ainda na entrevista, ele afirmou que as anotações eram "anotações de interesse pessoal" e negou ter enviado o documento por e-mail a outros interlocutores. Ele ainda negou ter participado de um suposto esquema de monitoramento ilegal e responsabilizou ex-servidores da pasta.