Eleições

Venezuela: Brasil quer atas de órgão eleitoral e não deve chancelar documentos da oposição

Líder opositora a Maduro disse que entregaria comprovantes à gestão Lula

Itamaraty - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O governo brasileiro só decidirá quem vai reconhecer como vencedor da eleição na Venezuela, realizada no último dia 28 de julho, quando forem tornadas públicas as atas que estão nas mãos do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Os documentos que comprovariam a vitória de Edmundo González, e não do presidente Nicolás Maduro, oferecidos ao Brasil pela líder da oposição, María Corina Machado, podem até ser recebidos, mas não seriam avalizados pela diplomacia brasileira, dizem integrantes do governo Lula.

Em entrevista ao Globo, publicada nesta quarta-feira (7), María Corina disse que entregaria os dados eleitorais ao Brasil e a "todos os governos do mundo", para que sejam analisadas. Segundo ela, a oposição tem 83,5% das atas.

— Temos as atas físicas, que obviamente estão protegidas. São documentos oficiais, originais, impressos pelas máquinas do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), e com assinaturas das testemunhas, membros de mesa e trabalhadores do CNE — afirmou.

— Podemos entregar as atas eleitorais ao governo do Brasil, e a qualquer outro governo do mundo que quiser constatar a validez do que temos. Que obriguem o regime a entregar suas atas. Essas atas seriam a prova da fraude, as nossas são a prova da vitória de Edmundo.

Foco em dados oficiais
A posição do Brasil, neste momento, é de aguardar a publicação das atas pelo CNE, apesar da demora da instituição, que sofre influência direta de Nicolás Maduro.

Integrantes do Palácio do Planalto e do Itamaraty ouvidos pelo Globo afirmaram que o foco são os dados oficiais. Nas palavras de um interlocutor, "podemos receber, mas não avalizar".

Junto com Colômbia e México, o Brasil tenta abrir um canal de negociação direta entre Maduro e González, para que seja encontrada uma solução para o impasse em torno de quem venceu a eleição. O ideal, para o governo brasileiro, é que María Corina fique de fora, pois isso poderia dificultar o diálogo entre as partes.