Israel cometeu "erro estratégico" com assassinato de Haniyeh, disse ministro iraniano
Bagheri acusou Israel de querer "estender" o conflito a outros países do Oriente Médio
Israel cometeu um "erro estratégico" que lhe "custará caro" ao matar o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, na semana passada em Teerã, declarou nesta quinta-feira (8) à AFP o ministro interino das Relações Exteriores do Irã, Ali Bagheri.
"O ato que os sionistas cometeram em Teerã é um erro estratégico e custará caro a eles", afirmou Bagheri em Jidá, na Arábia Saudita, após uma reunião da Organização de Cooperação Islâmica (OCI).
O ministro iraniano acusou Israel de querer "expandir" o conflito para outros países do Oriente Médio e garantiu que o país governado por Benjamin Netanyahu "não está em condições" de travar uma guerra contra o Irã.
A República Islâmica do Irã multiplica as ameaças de retaliação contra Israel, que não reivindicou a morte de Haniyeh, ocorrida em 31 de julho.
A reunião de quarta-feira dos ministros das Relações Exteriores ou representantes dos 57 membros da OCI se encerrou com uma declaração que designa Israel como "plenamente responsável" pelo assassinato "odioso" do líder do Hamas, que vivia no Catar e desempenhava um papel destacado nas negociações indiretas por um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
"Aqueles com quem falamos ontem, por telefone ou pessoalmente, enfatizaram o direito do Irã de responder a este crime terrorista", afirmou Ali Bagheri.
"Os países ocidentais, que pedem ao Irã uma resposta controlada, não estão em posição de dar conselhos a Teerã", acrescentou.
Irã aprova novo líder político do Hamas
O Irã recebeu favoravelmente a nomeação de Yahya Sinwar, chefe do Hamas na Faixa de Gaza, como novo líder do movimento islamista palestino.
"Esta escolha, no momento crítico atual, traz esperança, coesão, autoridade e sucesso ao Hamas, à heroica nação da Palestina e ao eixo da resistência", destacou o chanceler interino do Irã.
Os analistas estimam que o novo chefe do Hamas, considerado por Israel como um dos cérebros do ataque mortal lançado pelo movimento islamista em 7 de outubro em território israelense, pode ser mais relutante em aceitar um cessar-fogo em Gaza e seria mais próximo de Teerã do que seu antecessor.
O grupo libanês pró-iraniano Hezbollah também está decidido a responder ao assassinato de Ismail Haniyeh, bem como ao assassinato de seu comandante militar, Fuad Shukr, em um bombardeio reivindicado por Israel em um subúrbio de Beirute em 30 de julho.
Com o Hezbollah e outros grupos apoiados pelo Irã, como os rebeldes huthis do Iêmen, "temos objetivos semelhantes, mas, no terreno, cada movimento de resistência atuará de acordo com a sua compreensão da situação e segundo seus próprios interesses", garantiu Bagheri à AFP.
Bagheri fez um apelo aos Estados Unidos e a outros países para que parem de enviar armas a Israel, já que os artefatos podem ser utilizados em Gaza. Ele também os instou a cortar a ajuda econômica e as relações diplomáticas com Israel.
"Os países que fornecem armas e equipamentos, os países que mantêm relações econômicas e diplomáticas com o regime sionista, que comete tantos crimes, devem explicar por que mantêm essa situação", declarou.
A guerra em Gaza eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.198 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço baseado em dados oficiais israelenses. Entre os mortos, havia mais de 300 militares.
Os combatentes do Hamas também capturaram 251 reféns, dos quais 111 seguem em cativeiro em Gaza, incluindo 39 que estariam mortos, segundo o Exército israelense.
A ofensiva israelense em Gaza provocou 39.677 mortes até o momento, segundo o Ministério da Saúde deste território governado desde 2007 pelo Hamas, que não detalha o número de civis e combatentes mortos.