Venezuela

Repressão na Venezuela já prendeu 160 mulheres e 114 menores em protestos contra reeleição de Maduro

Mais de 1.200 pessoas foram detidas desde 29 de julho e governo diz preparar duas prisões de segurança máxima para receber mais venezuelanos

Manifestantes de oposição na Venezuela participam de ato contra os resultados oficiais apresentados pelo Conselho Nacional Eleitoral, em Caracas - Federico PARRA / AFP

Entre as mais de 1.200 pessoas presas desde o início da onda de protestos contra o resultado da eleição na Venezuela em 28 de julho, que deu a vitória ao presidente Nicolás Maduro num resultado contestado, 160 eram mulheres e 114 menores de idade, informou a ONG Foro Penal nesta sexta-feira em seu mais recente balanço.

Segundo a organização, que monitora a repressão política no país, o regime tem imposto diversos obstáculos para que os detidos sejam identificados, além de negá-los acesso à assistência jurídica privada.

Por isso, o número de presos anunciado pelo Ministério Público venezuelano, ligado ao chavismo, é superior ao da ONG, que só contabiliza aqueles que foram identificados.

Do total identificado pela ONG, ainda há 16 pessoas com deficiência e cinco indígenas detidos.

Outras organizações de direitos humanos na Venezuela denunciaram também a prisão de quatro jornalistas que cobriam os protestos. Yousner Alvarado (fotojornalista), Paúl León (cinegrafista), Deisy Peña (fotojornalista) e José Gregorio Carnero (jornalista) foram acusados de terrorismo pelo Ministério Público.

Maduro anunciou na semana passada que está preparando prisões de segurança máxima para receber os detentos, ameaçando prender mais mil.

As penitenciárias citadas pelo venezuelano, Tocorón e Tocuyito, passaram anos sob controle do Trem de Aragua, uma das organizações criminosas mais temidas da América Latina.

Segundo ele, elas devem ficar prontas dentro de 15 dias.

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— Todos os manifestantes vão para Tocorón e Tocuyito, presídios de segurança máxima — disse Maduro em ato transmitido pelo canal estatal VTV. — Querem transformar a Venezuela em um novo Haiti.

Uma promotora do estado venezuelano de Apure foi presa na quarta-feira pelo Ministério Público após se recusar a processar manifestantes contrários a Maduro.

Rosa Maria Mota, segundo o procurador-geral Tarek William Saab, teria cometido o crime de "atraso e omissão intencional de funções".

No último sábado, outra promotora foi alvo da mesma acusação: Maglen Marin Rodríguez, que trabalhava como promotora temporária em Anzoátegui.

Em número de presos, a capital Caracas registra o maior número de casos, com 230 identificados, seguida por Carabobo, com 197, e Anzoátegui, com 114.