Com Noboa favorito, situação escolhe candidato presidencial para eleições de 2025 no Equador
"Acredito que o trabalho ainda não terminou. Acho que é necessário mais tempo para isso. É necessária a reeleição", expressou o presidente
O movimento Ação Democrática Nacional (ADN), liderado pelo presidente Daniel Noboa, que flerta com a disputa pela reeleição, designará nesta sexta-feira (9) em Quito seus candidatos para as eleições gerais do Equador no início de 2025.
O mandatário e dirigentes do partido se reúnem em um hotel de luxo ao norte de Quito para escolher os candidatos da situação a vice-presidente, legisladores nacionais e parlamentares andinos para as eleições previstas para o dia 9 de fevereiro.
Noboa chegou ao lado de sua esposa para dar início ao encontro partidário, que ocorre em meio a uma forte operação de segurança com policiais e militares, além de um tanque, montado ao redor do hotel.
"Noboa, presidente, Noboa, presidente", gritavam seus seguidores ao vê-lo entrar na sala de reunião.
Do lado de fora, centenas de simpatizantes permanecem concentrados sem alterar a ordem, segundo constatou a AFP.
"Acredito que o trabalho ainda não terminou. Acho que é necessário mais tempo para isso. É necessária a reeleição", expressou Noboa em declarações divulgadas em fevereiro pela Secretaria de Comunicação.
"Não posso dizer que não"
Se a população pedir "que eu seja candidato novamente, não posso dizer que não", acrescentou o chefe de Estado, que tem uma popularidade de 56%, de acordo com uma pesquisa da empresa privada Comunicaliza realizada de 25 a 27 de julho. A aprovação ultrapassou os 80% no início do ano.
Sem candidatos proclamados para as eleições, o presidente lidera as intenções de voto com 32%, seguido pelo ex-ministro opositor Gustavo Jalkh (15%) e pelo líder indígena Leónidas Iza (4%), segundo o mesmo instituto de pesquisa.
Noboa, um empresário de 35 anos que se tornou o presidente mais jovem da história do Equador, não descartou buscar a reeleição, apesar de um conflito que mantém com sua vice-presidente Verónica Abad, a quem enviou em dezembro como embaixadora para Israel para mantê-la afastada do poder.
Por lei, o presidente não pode destituir Abad do cargo, com quem tem uma inimizade notória desde a campanha e a quem deverá ser confiada a presidência se ele se candidatar à reeleição.
Nos últimos meses, Noboa se dedicou a percorrer o país inaugurando obras em meio à guerra contra o narcotráfico e o crime organizado. O presidente também tem entregado armas e equipamentos à polícia e aos militares.
Insegurança e criminalidade
Sendo quase um desconhecido na política, na qual se envolveu como deputado entre 2021 e 2023 pela província costeira de Santa Elena (sudoeste), Noboa - que se diz de centro-esquerda - assumiu o poder em novembro de 2023 para governar por 18 meses (até maio de 2025) em substituição ao conservador Guillermo Lasso.
Sem completar seus quatro anos de mandato, Lasso convocou eleições antecipadas para evitar ser destituído pelo Congresso, dominado pela oposição. Noboa triunfou com 52% dos votos válidos no segundo turno que disputou com Luisa González (afiliada ao ex-presidente Rafael Correa, 2007-2017).
Diante da investida do narcotráfico, que resultou em um aumento dos homicídios de 6 para cada 100.000 habitantes em 2018 para o recorde de 47 para cada 100.000 em 2023, Noboa declarou em janeiro que o país estava em um conflito armado interno e enviou os militares às ruas para neutralizar diversas gangues, as quais classificou como terroristas e beligerantes.
Na sua guerra contra o crime, o governo equatoriano reduziu a taxa de mortes violentas em 21% entre janeiro e julho deste ano.
Para 34% dos equatorianos, a insegurança e a criminalidade são os principais problemas do país, à frente do desemprego (17%) e da crise econômica (11%), de acordo com a pesquisa da Comunicaliza.
A crise de segurança despertou a preocupação de 50% da população em janeiro, quando a fuga de um líder criminoso de uma prisão desencadeou uma rebelião de facções que resultou em motins em prisões, ataques à imprensa, explosões de carros-bomba, a detenção temporária de cerca de 200 agentes penitenciários e policiais e várias mortes.