acidente aéreo

O que se sabe sobre a tragédia aérea em Vinhedo?

Voo 2283, operado pela companhia aérea brasileira Voepass, partiu de Cascavel, no Paraná, com destino ao aeroporto internacional de Guarulhos

Queda do avião vitimou fatalmente 61 pessoas nesta sexta-feira (9) - Reprodução/X

Um avião com 62 pessoas a bordo caiu na sexta-feira (9) na cidade de Vinhedo, interior de São Paulo, sem deixar sobreviventes. O que se sabe até agora sobre a pior tragédia aérea em solo brasileiro em 17 anos?

- O avião e sua rota -
O voo 2283, operado pela companhia aérea brasileira Voepass, partiu de Cascavel, no Paraná, com destino ao aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo. A duração habitual para esse percurso é de cerca de duas horas.

Ele desapareceu do radar uma hora e 26 minutos após a decolagem, às 11h56, horário local.

O avião caiu em uma área residencial da cidade de Vinhedo, cerca de 80 km a noroeste da cidade de São Paulo, às 13h25, horário local.

Impactou o jardim de uma casa do Residencial Recanto Florido, condomínio encravado em um entorno arborizado.

O avião era um bimotor da fabricante franco-italiana ATR, modelo 72-500, com duas hélices, 27 metros de comprimento e capacidade para 68 passageiros. Foi fabricado na França.

Segundo a ATR, em voo de cruzeiro atinge a velocidade máxima de 510 km/h.

- Como ocorreu a queda? -
Imagens chocantes registradas com celulares por moradores mostram o avião despencando em queda livre em poucos segundos. Segundo seus relatos, eles conseguiram registrar o momento da queda porque poucos segundos antes ouviram um barulho alto no local.

A aeronave, que caiu "de barriga" no chão, ficou com a cabine de passageiros "esmagada", segundo os bombeiros. Os ocupantes morreram em meio ao emaranhado de ferro e um incêndio subsequente carbonizou os corpos.

De acordo com o site de rastreamento de voos Flight Radar 24, o avião voou por quase uma hora a 17.000 pés (5.180 metros) até que às 13h21, horário local, começou a perder altitude e em apenas um minuto caiu bruscamente para 4.100 pés (1.250 metros).

A aeronave perdeu contato com os controladores às 13h22, horário local, e a tripulação em nenhum momento "declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas", segundo a Força Aérea Brasileira (FAB).

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) está analisando as caixas-pretas que contêm gravações da cabine e dados do voo.

Estas "importantes informações poderão nos contar o que aconteceu nesse trágico evento", afirmou o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa.

A agência planeja divulgar um primeiro relatório sobre o acidente dentro de 30 dias. Por enquanto, não favorecerá nenhuma hipótese.

- Condições meteorológicas e estado do avião -
Especialistas sugeriram a hipótese de que a formação de gelo nas asas poderia ter afetado a sustentação do avião e contribuído para o acidente.

O diretor de operações da Voepass, Marcel Moura, admitiu que este modelo ATR voa "numa faixa onde tem uma sensibilidade maior ao gelo", mas que as condições meteorológicas de sexta-feira previam a presença desse elemento "dentro das características aceitáveis para o voo".

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil, a tripulação e a aeronave, que voava desde 2010, cumpriam com todas as regulamentações e certificados vigentes.

Moura afirmou que na noite anterior ao acidente o avião passou por uma "manutenção de rotina" e não apresentava "nenhum tipo de problema técnico".

A Voepass, fundada em 1995 com o nome de Passaredo, é a quarta companhia aérea do Brasil, possui atualmente uma frota de 15 aeronaves e opera apenas dentro do país.

- Identificação dos corpos -
A Voepass divulgou uma lista com os nomes dos 62 ocupantes – 58 passageiros e 4 tripulantes – que morreram no acidente.

O piloto Danilo Santos Romano tinha 35 anos e mais de 5.200 horas de voo, segundo a companhia aérea, que o contratou em novembro de 2022 como copiloto e o promoveu a comandante em julho do ano passado.

Segundo a empresa, todos os ocupantes possuíam documentação brasileira, mas havia também uma mulher com dupla nacionalidade portuguesa e três venezuelanos entre os passageiros.

Peritos forenses do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo também se orientam pela localização dos passageiros nas fileiras de assentos para tentar identificá-los. Mas devido ao mau estado dos corpos, devem recorrer a amostras de DNA de familiares, dentes e impressões digitais.

Muitos familiares das vítimas viajaram do Paraná, de onde era a maior parte dos passageiros, para São Paulo, para colaborar neste processo.