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Amores fatais: reviravoltas amorosas movimentam a novela das seis

"No Rancho Fundo" muda a aposta para troca de casais e ambientação urbana

"No Rancho Fundo", da TV Globo - Divulgação

Por ser uma obra de longa duração, novelas exigem empenho incessante de seus autores. É preciso ficar atento a qualquer sinal de desgaste e, sobretudo, instigar o público a continuar acompanhando a trama.

Mesmo com audiência estabelecida e boa repercussão, Mário Teixeira parece ter sempre uma surpresa para movimentar a história de “No Rancho Fundo”.

Ao separar Zefa e Tico, casal protagonista mais maduro da história, papéis de Andrea Beltrão e Alexandre Nero, o autor conseguiu apimentar a trama e, sobretudo, valorizar também a boa sintonia dos antagonistas, Deodora e Ariosto, de Débora Bloch e Eduardo Moscovis.

Agora, com o casal reunido de novo, é hora de trabalhar os ressentimentos dos vilões, o que vem rendendo ótimas cenas de consolo mútuo. Além, é claro, da idealização de novos planos para se darem bem.

Os personagens são um verdadeiro frescor para seus intérpretes, até mesmo para Bloch, que reprisa o mesmo tipo vivido em “Mar do Sertão” e, com competência, dá novas nuances à Deodora.

No núcleo mais jovem, o casal Quinota e Arthur, de Larissa Bocchino e Tulio Starling, exibe boa conexão e muito carisma. Porém, como qualquer casal bonzinho, acaba nas mãos de seus algozes ao longo de muitos capítulos. Por conta disso, quem brilha mesmo a cada novo passo de “No Rancho Fundo” é a Blandina, de Luisa Arraes.

Mais conhecida por séries do que por folhetins, a atriz ainda não tinha mostrado todo seu potencial em produções mais longas. Na pele de uma vilã que não mede esforços para mudar de vida, ela domina as sequências e valoriza os altos e baixos da personagem com uma pegada sutil de humor.

De tão divertida, Arraes acaba incentivando o público a torcer pela vitória da antagonista, apesar das atitudes pouco nobres de Blandina.

Novela nordestina de sotaque carregado, “No Rancho Fundo” soube utilizar a seu favor as comparações com “Mar do Sertão”. Aos poucos, entretanto, as referências foram ficando de lado e a nova história, de fato, se sobressaiu.

Nas últimas semanas, inclusive, a atual trama das seis intensificou seu lado mais urbano. Com isso, infelizmente, acontece um ligeiro declínio técnico nas cenas comandadas por Allan Fiterman.

Captada essencialmente nas cidades cenográficas erguidas nos Estúdios Globo, a estética da produção trabalha de forma eficiente com uma paisagem inventada, abusando de contrastes de luz, direção de arte e efeitos visuais.

A tática funciona bem ao mostrar um sertão mais poético. Porém, o resultado não é mesmo quando a novela quer parecer mais moderna, onde o acabamento e proporção das construções acabam criando um clima fake, com soluções cenográficas que não parecem seguir o padrão da Globo.

“No Rancho Fundo” – Globo – de segunda a sábado, às 18h20.