Delegada pernambucana morta na Bahia: crime pode ter sido premeditado e motivado por vingança
Delegada foi encontrada morta dentro do próprio carro, no domingo (11), na cidade de São Sebastião do Passé
O homem que confessou ter matado a delegada pernambucana Patrícia Neves Jackes Aires, de 29 anos, pode ter premeditado o crime, segundo informou o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom) da Bahia, o delegado Arthur Gallas, em coletiva de imprensa.
A vítima foi encontrada morta dentro do próprio carro, no domingo (11), na cidade de São Sebastião do Passé, na Região Metropolitana de Salvador.
Segundo o diretor de polícia, o suspeito Tancredo Neves Lacerda Feliciano de Arruda, de 26 anos, costumava verbalizar que a vítima havia sido a responsável pela sua prisão, em maio deste ano, por agressão.
"Pode ter sido um crime premeditado. Ele pode ter feito para se vingar pelo fato de já ter sido preso pela lesão anterior que ele cometeu contra ela. Ela sempre andava armada, mas, nesse dia, ela havia deixado o objeto em casa, e ele sabia", afirmou Arthur Gallas.
Ainda segundo o delegado, Tancredo Neves tinha um histórico de violência não somente com a delegada, com quem mantinha relacionamento, mas, também, com outras mulheres. Ao todo, são 26 ocorrências envolvendo o suspeito.
"Desde menor, ele já se envolvia em problemas, o que indicava que era uma pessoa perigosa e que não media esforços para agredir as pessoas e tirar a vida, como foi o caso", destacou Arthur Gallas.
No Paraná, ele teria empurrado uma mulher do 5º andar e responde por isso. E também se envolveu em um caso de agressão envolvendo uma médica em Feira de Santana, na Bahia. A vítima chegou a registrar o caso, mas não deu prosseguimento por medo.
Tancredo, que se apresenta como médico formado no Paraguai, também foi indiciado pela Polícia Civil por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica, em inquérito aberto em 2022, em Euclides da Cunha, no interior da Bahia.
Apesar do carro com o corpo ser sido encontrado em São Sebastião do Passé, a polícia suspeita que o crime tenha acontecido na cidade de Sapeaçu, já que o rastreador do veículo mostrou o trajeto feito naquele dia e imagens de um posto de pedágio mostram a vítima no banco de carona já desfalecida.
"Ele deve ter matado ela em Sapeaçu, por conta do tempo que permaneceu lá. A gente tem que aguardar os laudos periciais, principalmente dela, para estabelecer melhor o horário da morte", destacou o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana da Bahia.
Inicialmente, o suspeito chegou a dizer que os dois tinham sido sequestrados por três homens em uma moto e que os tais criminosos teriam seguido com Patrícia no carro.
Em depoimento na segunda-feira (12), ele admitiu que inventou o sequestro e disse ter usado o cinto do carro para se defender da delegada durante agressões no veículo. A suspeita é que Patrícia tenha sido vítima de estrangulamento.
"Ela tinha marcas de dedo na nuca, como se ele tivesse segurado o pescoço por trás, enrolado o cinto no pescoço [dela] e feito a pressão, visando o estrangulamento. Ele teria asfixiado ela por 40 segundos, segundo a versão dele", detalhou Arthur Gallas.
O suspeito teve a prisão em flagrante convertida em preventiva e seguiu para o Complexo Penitenciário Lemos Brito, na Bahia.
A pernambucana Patrícia Neves deixa um filho. Ela era bacharel em Direito e especialista em Direito Penal e Processo Penal. Em 2016, tomou posse como delegada e foi designada para a delegacia de Barra, no oeste da Bahia.
Com forte atuação na prevenção e enfrentamento às violências de gênero, Patrícia já trabalhou no Núcleo Especializado de Atendimento à Mulher (Neam) da Bahia, em 2021, e estava lotada em Santo Antônio de Jesus, onde atuava como plantonista.