SAÚDE

Mpox: como identificar as lesões da doença e diferenciá-las de outras infecções?

Mpox foi declarada como emergência de saúde internacional novamente pela OMS devido ao avanço em países africanos e à identificação de uma nova cepa do vírus

Um paciente mostra a mão com uma ferida causada por uma infecção pelo vírus da varíola dos macacos, na área de isolamento para pacientes com varicela do hospital Arzobispo Loayza - Ernesto Benavides/AFP

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde ( OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, decretou emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII) em decorrência do avanço da mpox em países africanos e da identificação de uma nova cepa mais grave do vírus nesta quarta-feira.

A doença, que se disseminou globalmente pela primeira vez em 2022, se manifesta principalmente por meio de lesões na pele, que podem durar de duas a quatro semanas. Além disso, começa com febre, dor de cabeça, nos músculos, nas costas, glândulas inchadas (linfonodos) e mal-estar.

 

Lesões da varíola dos macacos em paciente na Itália. — Foto: Reprodução/Journal of Infection

As erupções cutâneas, que se parecem com bolhas ou feridas, podem afetar diversas partes do corpo. É comum surgir a dúvida sobre como identificá-las, especialmente por haver uma série de outras doenças que se manifestam de forma semelhante.

 

Como diferenciar as lesões da mpox?
Em matéria do Globo, a dermatologista Patrícia Ormiga, da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro (SBD - RJ), explicou que algumas doenças que se manifestam de forma parecida são a catapora, o sarampo, a herpes e a sífilis. Ela explica que um fator que ajuda a indicar se é uma suspeita de mpox é ter sido exposto recentemente a alguém contaminado ou apresentar de outros sintomas ligados à doença.

Em relação às bolhas, um elemento que pode ajudar a levantar essa suspeita é a duração das marcas. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), as erupções da mpox progridem por quatro estágios - macular, papular, vesicular e pustulosa - antes da crosta e da descamação.

O primeiro, macular, dura de um a dois dias, e é quando começa a se notar uma vermelhidão em determinada região da pele, mas ainda de forma plana sem formar bolhas. Em seguida, é a fase papular, que também dura de um a dois dias e é quando as lesões progridem para sutis elevações na pele.

Depois, na fase vesicular, as bolhas começam a aparentar estarem preenchidas e ganhar a sua forma característica. O período também dura de um a dois dias. Por fim, no estágio papular, as lesões se transformam em verdadeiras pústulas, geralmente com a ponta branca, elevadas e redondas, além de firmes ao toque.

Essa fase dura de 5 a 7 dias, e envolve ainda o momento em que as lesões passam a apresentar uma depressão no meio para, ao fim, começar a secar e formar as crostas, que duram ainda cerca de uma semana antes de caírem.

Mas Patrícia destaca que apenas um especialista poderá avaliar com propriedade as lesões e indicar se há uma suspeita: — Somente ele é capaz de diferenciar as lesões de cada doença. Muitas vezes, o diagnóstico diferencial deverá ser feito pelos exames de laboratório específicos, já que a doença pode se manifestar com uma variedade muito grande de lesões dermatológicas. Em caso de dúvida, o paciente deverá procurar seu médico e estar atento aos sintomas que acompanham ou não as lesões. Os sinais mais comuns da varíola, além das erupções, são febre, dor no corpo, dor de cabeça e gânglios inchados.

Quem são as pessoas de maior risco para mpox?
Isso é importante especialmente para gestantes, crianças e pessoas imunocomprometidas, inclusive aquelas que vivem com HIV avançado e sem tratamento, que são de maior risco para a mpox segundo a OMS.

Como a mpox é transmitida?
A organização explica que a transmissão do vírus ocorre por meio do contato com fluidos corporais, lesões na pele ou das mucosas internas, como na boca ou na garganta por gotículas respiratórias ou uso de objetos contaminados.

Nesse contexto, falar ou respirar perto, tocar ou ter relações sexuais, beijar, entre outros contatos próximos com alguém contaminado pode levar a uma infecção. “Durante o surto global que começou em 2022, o vírus se espalhou principalmente por meio do contato sexual”, destaca a OMS.

Além disso, o vírus pode persistir em roupas de cama, toalhas, objetos, eletrônicos e superfícies que tenham sido tocadas por uma pessoa infectada e ser transmitido da gestante para o feto durante a gravidez.

Os pacientes são considerados infecciosos até que todas as lesões tenham formado crostas, elas tenham caído e uma nova camada de pele tenha se formado por baixo. Também até que todas as lesões nos olhos e no corpo tenham cicatrizado, “o que geralmente leva de 2 a 4 semanas”, diz o órgão.