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Retomada "promissora" das negociações para trégua em Gaza

As negociações foram retomadas em Doha, capital do Catar

Tropas israelenses operando em terra na Faixa de Gaza em meio ao conflito contínuo entre Israel e o Hamas - Exército israelense / AFP

As negociações indiretas para uma trégua entre Israel e Hamas em Gaza tiveram uma "retomada promissora" nesta quinta-feira (15), asseguraram os Estados Unidos, que fazem a mediação para pôr fim a um conflito que em 10 meses já deixou mais de 40.000 mortos em território palestino.

As negociações foram retomadas em Doha, capital do Catar, após forte pressão dos países mediadores - EUA, Egito e Catar - para encerrar um conflito com um potencial crescente de incendiar o Oriente Médio.

"Hoje tivemos uma retomada promissora", declarou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, acrescentando que as negociações prosseguirão na sexta-feira.

"Os obstáculos que ainda persistem podem ser superados, para poder concluir esse processo", destacou.

As negociações se baseiam em um plano de três fases anunciado em 31 de maio pelo presidente americano, Joe Biden.

A primeira fase prevê uma trégua de seis semanas e uma retirada israelense das áreas densamente povoadas de Gaza e uma troca de reféns feitos pelo Hamas por presos palestinos detidos em Israel.

Desde o início do conflito, em 7 de outubro, iniciado por um incursão letal dos milicianos islamistas do Hamas no sul de Israel, os dois lados pactuaram uma trégua apenas, no final de novembro, durante a qual trocaram dezenas de reféns sequestrados em Israel por centenas de presos palestinos.

As negociações são celebradas na presença do diretor da CIA, William Burns.

Também participam delas os chefes do Mossad - o serviço de inteligência israelense - e do Shin Bet - a agência de segurança interna - , segundo o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

"Não participaremos de novas rodadas de negociações", disse, por sua vez, nesta quinta-feira, à AFP Basem Naim, um membro do gabinete político do Hamas.

O movimento islamista, qualificado de organização "terrorista" por Estados Unidos, Israel e União Europeia, insiste que quer "aplicação do plano de Biden e não negociar por negociar".

Mais de 40.000 mortos em Gaza 
Kirby considerou "muito importante que ambas as partes estejam dispostas a fazer compromissos".

"Necessitamos de que os reféns sejam libertados, que haja um alívio para os palestinos em Gaza, segurança para Israel e menos tensões na região. Requeremos que isso ocorra o quanto antes", insistiu.

No ataque de 7 de outubro, os comandos islamistas mataram 1.198 pessoas no sul de Israel, em sua maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses.

Eles também sequestraram 251 pessoas. O Exército israelense afirma que 111 seguem em Gaza, mas 39 morreram.

Israel lançou uma campanha militar em Gaza que já deixou 40.005 mortos, segundo o Ministério da Saúde desse território governado pelo Hamas.

Esse balanço é um "marco sombrio para o mundo inteiro", avaliou o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Turk, nesta quinta-feira.

Não há mais tempo a perder 
Os temores por uma conflagração regional dispararam após o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em 31 de julho em Teerã, que o Irã atribui a Israel, e do chefe militar do Hezbollah libanês pró-Irã, Fuad Shukr, um dia antes em um bombardeio israelense perto de Beirute.

O presidente israelense, Isaac Herzog, afirmou que seu país permanece em "alerta elevado".

Biden avaliou que um cessar-fogo em Gaza pode evitar um ataque iraniano em Israel em resposta ao assassinato de Haniyeh.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o primeiro-ministro do Catar, Mohamed bin Abelrahman al Thani, exortaram na quarta-feira a todas as partes que não "minem" as negociações.

"Não há mais tempo a perder", afirmou no mesmo dia em Beirute o enviado americano Amos Hochstein.

Um cessar-fogo também pode pôr fim à troca de artilharia entre o Exército israelense e o grupo libanês Hezbollah, aliado do Hamas e do Irã.

Nesta quinta-feira, o Hezbollah disse que havia disparado foguetes contra um kibutz no norte de Israel, em resposta a um bombardeio no dia anterior no sul do Líbano, que matou um de seus combatentes e deixou civis feridos.

O Exército israelense afirmou que identificou 20 projéteis procedentes do Líbano e que havia interceptado a maioria.

Milicianos "eliminados" 
Um bombardeio israelense em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, deixou um morto e três feridos, indicou uma fonte médica no hospital Naser dessa localidade.

Tanques israelenses também entraram no sul da Cidade de Gaza, onde ressoavam disparos de artilharia e bombardeios, constatou um correspondente da AFP.

Cinco mortos e vários feridos foram enviados ao hospital Al Ahli da cidade, após ataques aéreos, informaram socorristas.

O Exército israelense indicou, por sua vez, nesta quinta-feira, que desmantelou mais de 30 locais que abrigavam infraestruturas do Hamas em toda a Faixa de Gaza, algumas delas equipadas com explosivos e arsenais de armas.

Nas últimas 24 horas, os soldados "identificaram e eliminaram" 20 milicianos em Rafah, no sul do território, segundo o Exército.