Saúde

Vírus mpox: após registro na Suécia, veja quais países em que a nova cepa já foi detectada

Nesta quarta-feira, OMS decretou novamente emergência internacional devido ao avanço da doença em países africanos e à identificação de uma nova sublinhagem

Vírus mpox - NIAIS

A Suécia registrou, nesta quinta-feira, o primeiro caso da cepa mais letal da mpox, o Clado 1, fora da África, afirmou a Agência Sueca de Saúde Pública.

Ontem, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde ( OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, decretou que a doença voltou a ser uma emergência internacional de saúde pública (ESPII), o status mais alto de alerta do órgão.

Segundo disse Magnus Gisslén, epidemiologista da agência sueca, em comunicado, o paciente foi infectado enquanto esteve numa região da África onde “há um grande surto do Clado 1 da mpox”, sem especificar qual país.

Ele buscou atendimento na região da capital sueca, Estocolmo.

“Esse caso, por si só, não exige medidas adicionais de controle de infecção, mas levamos muito a sério o surto de mpox do Clado 1. Estamos o monitorando de perto e preparados para tomar medidas de controle da infecção, como rastreamento, testes e regras de conduta”, continuou Gisslén.

A mpox é uma infecção viral endêmica em alguns países da África Central e Ocidental e semelhante à varíola humana erradicada em 1980.

Ela é dividida em duas linhagens principais, o Clado 1 e o Clado 2.

Em 2022, a doença foi registrada pela primeira vez fora do continente africano, causando a disseminação global que levou a OMS a decretar emergência na época.

A cepa responsável pela propagação há dois anos foi o Clado 2, que é mais brando, com uma letalidade de cerca de 1%.

Sua maior transmissão foi associada ao vírus ter adquirido a capacidade de se disseminar via relações sexuais, numa mutação que recebeu o nome de Clado 2b.

Essa versão do patógeno continua a circular e causar casos pelo planeta, embora eles tenham caído consideravelmente desde 2022.

No fim do ano passado, a OMS identificou que uma nova versão do Clado 1, linhagem cuja mortalidade chega a 10% e que já circulava principalmente na República Democrática do Congo (RDC), também passou a se disseminar via redes de transmissão sexual.

Essa nova variante foi nomeada de Clado 1b e ligada à explosão de casos e mortes no país neste ano.

— O número de casos registrados até agora (na RDC) neste ano já ultrapassou o total do ano passado, com mais de 15.600 casos e 537 mortes — destacou o diretor-geral da OMS em coletiva nesta quarta-feira. — O surgimento no ano passado e a rápida disseminação da nova cepa (...) e sua detecção em países vizinhos à RDC são especialmente preocupantes e um dos principais motivos para a declaração da emergência — continuou.

Quais países já detectaram a nova cepa da mpox?
A Suécia não confirmou se a linhagem exata identificada no país seria do Clado 1 tradicional, que já era conhecida e não é ligada à transmissão sexual, ou se seria do Clado 1b, a nova versão que causa a preocupação.

De forma oficial, há 5 países que até agora já identificaram casos do Clado 1b.

Além da RDC, no mês passado outras quatro nações africanas, que até então não lidavam com nenhum caso de mpox, tiveram registros e causados pela linhagem: Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda.

Segundo o diretor-geral da OMS, mais de 100 diagnósticos foram confirmados, embora “os especialistas acreditem que o número real seja maior, pois uma grande proporção de casos clinicamente compatíveis não foi testada”.

Para Emy Gouveia, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, “há um risco iminente do vírus mpox que está circulando hoje na África circular em outros países, assim como em 2022”.

— A forma mais comum de transmissão do vírus Mpox ocorre através do contato de uma pessoa sadia com as lesões presentes na pele, sejam elas na forma de manchas vermelhas, crostas, vesículas. Este tipo de transmissão continua ocorrendo até que todas as crostas da pele tenham caído e uma nova camada de pele tenha se formado — explica.

Ela esclarece ainda que outra forma de transmissão é por meio do ambiente contaminado, ou seja, quando há o compartilhamento de objetos de uso pessoal como vestuário, calçados, roupas de cama e banho.

— Durante o período de transmissibilidade é importante manter o indivíduo isolado num cômodo de preferência com banheiro exclusivo na casa. Caso seja necessário sair deste isolamento para uma consulta médica, por exemplo, cobrir as lesões com as vestimentas e utilizar máscara cirúrgica — orienta.

O tempo de incubação do vírus, ou seja, desde a contaminação até o início dos sintomas, varia entre 3 a 21 dias.

No início, a doença se manifesta com sintomas comuns de infecções virais, como febre, aumento dos linfonodos, cansaço e dores musculares.

Dentro de alguns dias, costumam surgir as lesões na pele.

— Pacientes que tiveram contato próximo de uma pessoa sabidamente positiva deverão permanecer alertas e não entrar em contato especialmente com gestantes, crianças e imunodeprimidos. Aos primeiros sinais e sintomas sugestivos da doença, deverão imediatamente procurar atendimento médico, utilizando máscara cirúrgica quando estiver em deslocamentos e cobrindo as lesões de pele se já presentes, mencionando durante a consulta o contato prévio com um paciente positivo para mpox para que o profissional de saúde utilize todos os equipamentos de proteção individual durante o atendimento e repasse todas as orientações de prevenção e condutas a serem seguidas — diz a infectologista.