Venezuela

Líder da oposição na Venezuela, María Corina considera "falta de respeito" propor novas eleições

Hipótese de uma nova ida as urnas, como uma espécie de "segundo turno", é avaliada pelo governo brasileiro

Líder da oposição venezuelana, María Corina Machado. - Gabriela Oraa/AFP

A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, classificou como "uma falta de respeito" com os venezuelanos a proposta de repetir as eleições presidenciais realizadas em 28 de julho, como propuseram os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro, diante de uma série de dúvidas que permanecem sobre o pleito, após a declaração do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de que Nicolás Maduro foi reeleito.

— Propor ignorar o que aconteceu em 28 de julho, para mim, é uma falta de respeito pelos venezuelanos que deram tudo (...). A soberania popular deve ser respeitada — disse María Corina em conferência virtual com veículos de imprensa chilenos e argentinos. — As eleições aconteceram e a sociedade venezuelana se manifestou em condições muito adversas onde houve fraude e ainda conseguimos vencer.

Lula afirmou, nesta quinta-feira, que não reconhece a declaração de vitória de Nicolás Maduro e nem a reivindicação de vitória de Edmundo González Urrutia, adversário opositor.

Ele disse que o líder chavista "sabe que está devendo" uma explicação ao mundo, e que se Maduro tivesse "bom senso", poderia convocar novas eleições no país — proposta que lhe foi sugerida pelo assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim.

— Maduro tem seis meses do (atual) mandato ainda. Se tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário em que participe todo mundo e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro — afirmou Lula durante entrevista à Rádio T, em Curitiba, acrescentando: — Um governo de coalizão com a oposição pode ser saída.

Em Bogotá, Petro fez um pronunciamento similar às ideias de Lula.

Ele defendeu que sejam realizadas "novas eleições livres" na Venezuela, e fez uma lista de sugestões para resolver a crise política do país.

Entre suas propostas, mencionou também o "levantamento de todas as sanções" econômicas e "garantias totais para a ação política".

Lula e Petro conversaram por telefone na quarta-feira, para tentar encontrar uma "saída política" para a crise que eclodiu após as eleições.

Os dois países tentam assumir um papel de protagonismo nas conversas da região — um terceiro ator que se mostrava disposto a contribuir, o México, afastou-se recentemente.

Os governos de Brasil e Venezuela não reconhecem os dados apresentados pela oposição venezuelana, que publicou há vários dias cópias dos registos eleitorais que mostram o seu candidato, Edmundo González Urrutia, como vencedor com 67% dos votos, contra 30% de Maduro.

— As eleições aconteceram e a sociedade venezuelana se manifestou em condições muito adversas onde houve fraude e ainda conseguimos vencer — afirmou María Corina.

Por outro lado, segundo o Conselho Nacional Eleitoral, dirigido por um aliado de primeira ordem de Maduro, o atual presidente foi reeleito com 52% dos votos contra 43% do candidato da oposição.

Este órgão ainda não publicou atas de votação.