espetáculo

"Na boca muitos nomes" estreia no Teatro Hermilo Borba Filho

Espetáculo dos poetas e musicistas Maju e Oliveira estabelece um diálogo entre palavra, corpo, ritmo, som, dança, elementos visuais e Libras em sua narrativa poética

Maju, Anderson Andrade e Oliveira - Nathalia Queiroz/Divulgação

Onde está a poesia? Na palavra? Num verso? A resposta é sim. Mas, vai além: a poesia também está presente num gesto, num giro, numa dança, num rasgar de folhas de papel, num grito ou no silêncio.

Para revelar – e em orgânica medida, subverter – esses lugares tantos onde pode existir a poesia, estreia o espetáculo “Na boca muitos nomes”, criação dos poetas e musicistas Maju e Oliveira, nesta sexta (16), às 19h, no Teatro Hermilo Borba Filho, Bairro do Recife.

O projeto, com incentivo da Lei Paulo Gustavo, une poemas autorais dos livros “Voar é a ordem”, de Maju, e “Nunca é triste um corpo que fala eu te amo”, de Oliveira, em um jogo cênico onde todos os elementos – a fala, o canto, o corpo, o cenário e até mesmo a Libras – estão a serviço da poesia.

"Na boca muitos nomes"
O espetáculo nasceu a partir da pesquisa de imersão “Mover é um rasgar-se e remendar-se: processos de um corpo em poesia”, com uma interação mais intensa entre os fazeres poéticos de Maju e Oliveira.

“A gente tem um processo criativo bem intenso juntos, e os nossos poemas, apesar de terem características muito diferentes entre si, eles – justamente por isso, talvez – têm um diálogo bem interessante. Senti essa vontade de explorar esse lugar da poesia falada com maior profundidade, brincando com entonações, com textura, com volumes, entendendo o ritmo que a poesia falada tem”, explica Maju.

Desse processo de imersão e pesquisa, os poetas foram criando e recriando arranjos, improvisando, experimentando entonações, cadências e descobrindo novos lugares de dizer suas poesias. E outros artistas foram se juntando à construção do espetáculo.

Além da palavra
Além de Maju e Oliveira, “Na boca muitos nomes” tem, também, em palco, o intérprete da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) Libras Anderson Andrade, que agregou a linguagem de sinais à narrativa poética do espetáculo.

A preparação corporal ficou a cargo da bailarina, arte-educadora, performer e terapeuta somática Isabela Severi, que também participa do espetáculo, assim como o cantor Aleph Passarin, que fez a preparação vocal.

A narrativa poética de “Na boca muitos nomes” também se dá através do cenário, desenvolvido pela artista visual, arte-educadora e designer gráfica Bárbara Melo, que também estará em cena.

“A linguagem não é só palavra. A linguagem é som, a linguagem é ruído, a linguagem é um gesto, é um molhar, é um rasgo, então é meio que ir pondo luz sobre essas frestas”, defende Maju sobre esse processo de “desoralizar” a língua.

O trabalho coletivo de preparação e concepção do espetáculo durou cerca de três meses. Após a estreia de hoje, “Na boca muitos nomes” tem outras duas datas marcadas: dia 18 de agosto, o espetáculo será apresentado em Triunfo, Sertão de Pernambuco; e no dia 31 de agosto, será a vez do festival Palavra, que acontecerá na Livraria do Jardim, no centro do Recife. 

SERVIÇO
“Na boca muitos nomes”
Quando: sexta (16), 19h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho - Cais do Apolo, 142, Bairro do Recife - Recife/PE
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada), na bilheteria do teatro
Informações: @majucavalcanti / @carlosgomes_oliveira _ / @andersonadre