Lula sobe o tom sobre Maduro e classifica seu governo como "desagradável", com viés autoritário
Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela anunciou que Maduro foi reeleito com 52% dos votos, sem apresentar publicamente os resultados das mesas de voto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou nesta sexta-feira (16) o governo venezuelano de Nicolás Maduro como um "regime muito desagradável" com "viés autoritário", insistindo na apresentação das "atas" de votação para reconhecer o vencedor das eleições neste país.
"Eu acho que a Venezuela vive um regime muito desagradável", disse Lula em uma entrevista à Rádio Gaúcha.
Embora o presidente de esquerda seja considerado próximo de Maduro, declarou que "não" considera o país como uma ditadura, mas um "governo com viés autoritário".
Lula pediu novamente que as autoridades venezuelanas mostrem as atas de votação, para então reconhecer o vencedor.
"O que que eu estou pedindo para poder reconhecer? Pelo menos saber se foi verdade os números. Cadê a ata? Cadê a afirmação das urnas? (...) Eu só posso reconhecer se foi democrático, se eles mostraram a prova", acrescentou.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela anunciou que Maduro foi reeleito com 52% dos votos, sem apresentar publicamente os resultados das mesas de voto no pleito de 28 de julho.
A oposição denunciou este processo como fraude e divulgou as atas eleitorais que dão uma vitória ampla ao seu candidato, Edmundo González Urrutia.
Diante da crise, Lula sugeriu na quinta-feira que Maduro convocasse novas eleições, uma proposta corroborada por seu contraparte colombiano, Gustavo Petro, mas rejeitada pelo presidente venezuelano e a oposição.
"A oposição não gostou da ideia que eu falei, de que poderia o Maduro, que tem seis meses de mandato ainda, convocar uma nova eleição. O Maduro também não gostou", declarou o presidente brasileiro.
Segundo ele, é necessário "esperar, porque agora a Suprema Corte que está com os papéis para decidir".
O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela está em fase de "perícia" das provas coletadas durante um recurso solicitado por Maduro para "certificar" sua vitória, após a qual emitirá uma decisão.