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Ex-presidente argentino, acusa Lula de ser "cúmplice da ditadura assassina de Maduro"

Político afirmou que repetir as eleições 'no quadro de um regime ditatorial' significa 'uma zombaria da esperança dos venezuelanos'

Presidente Lula - Valter Campnato/Agência Brasil

O ex-presidente argentino Mauricio Macri atacou diretamente o presidente Lula por sugerir que as eleições fossem repetidas na Venezuela, em meio à busca de uma solução para o pleito no qual Nicolás Maduro foi proclamado vencedor sem apresentar a ata, superando o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia.

Em uma extensa mensagem na rede social X, o político manifestou o seu desconforto com a iniciativa de Lula, que recebeu o aval do seu homólogo colombiano, Gustavo Petro.

“Durante os últimos dias assistimos a mais um ato de desprezo pelas instituições democráticas e pela vontade do povo venezuelano por parte dos líderes do Brasil e da Colômbia. Lula, que considero um democrata e cujo desprezo pelo futuro dos venezuelanos nunca deixa de me surpreender, sugeriu que uma saída para a crise poderia ser uma repetição das eleições. Proposta que Petro respondeu em suas redes sociais”, disse Macri.

“Aqueles que hoje solicitam a convocação de novas eleições na Venezuela só podem ser considerados cúmplices da ditadura assassina de Maduro e da sua fraude. Longe de ajudar o povo venezuelano, prolongam o seu sofrimento. No dia 28 de julho, em um dia histórico, os venezuelanos deram uma mensagem forte: Maduro deve deixar o poder. O povo venezuelano conseguiu levantar a voz apesar das constantes restrições e armadilhas”, acrescentou o ex-presidente, um crítico ferrenho do regime chavista.

Ele insistiu que repetir as eleições “no quadro de um regime ditatorial” significa “uma zombaria da esperança dos venezuelanos, que há algum tempo lutam pela recuperação democrática no seu país”.

Em seguida, Macri falou sobre as acusações que o presidente venezuelano enfrenta por violação dos direitos humanos.

“A sangrenta ditadura de Maduro causou um sofrimento indescritível. Além dos crimes contra a humanidade pelos quais está sendo investigado pelo Tribunal Penal Internacional, existe a crise humanitária mais profunda da história do nosso continente. Porque Maduro não só suprimiu as liberdades individuais dos venezuelanos, mas também os mergulhou na pobreza extrema, causando uma migração de quase oito milhões de pessoas que sempre desejam regressar à sua terra natal”, disse Macri.

“Com a sua cumplicidade com o regime de Maduro, o Brasil e a Colômbia serão responsáveis por enterrar esse sonho e gerar uma nova migração em massa em toda a América Latina”, afirmou.

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Macri foi presidente do país entre 2015 e 2019, em meio a um forte êxodo de venezuelanos, com milhares deles indo para a Argentina para escapar do chavismo.

“Veremos mais uma vez imagens trágicas de famílias divididas, da miséria espalhada pela Venezuela e do exílio de milhões de pessoas cujas vidas correm perigo se permanecerem no país. Este cenário colocará em crise a capacidade dos países da região de responder a uma nova onda de migrantes que poderá superar as anteriores e minar a estabilidade e a governabilidade na América Latina”, alertou o ex-presidente.

Ele encerrou: “Ao povo venezuelano expresso todo o meu apoio e solidariedade, para que saibam que não estão sozinhos neste momento crucial da sua história. Quero também aproveitar a oportunidade para apelar aos países da região e à comunidade internacional para que apoiem a vontade popular e forneçam total apoio a uma transição democrática na Venezuela.”

Esta semana, Macri havia criticado a iniciativa de repetição das eleições, mas sem citar Lula.

E o principal assessor internacional do Brasil, Celso Amorim, sugeriu a ideia informalmente – segundo o Valor Econômico – ao Executivo. Seria um acordo entre Colômbia, Brasil e México juntamente com o partido no poder e a oposição venezuelana para resolver o problema das eleições, já que Maduro se autoproclamou vencedor sem mostrar a ata, enquanto o movimento liderado por María Corina Machado garante que Urrutia venceu as eleições por mais de 70% dos votos.

O Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) da Venezulea estaria trabalhando nisso após o pedido de proteção feito pelo “filho de Chávez”.

A desculpa para anulá-los seria o falso ataque cibernético da Macedônia do Norte, algo negado por especialistas eleitorais e de informática. Os Estados Unidos distanciaram-se da ideia e pediram que “a vontade do povo venezuelano seja respeitada” e que uma transição política comece a ser discutida, no momento em que Maduro se agarra ao poder e implementa uma repressão brutal na nação caribenha.

“Aqueles que hoje pedem que as eleições se repitam na Venezuela só podem ser considerados cúmplices da ditadura de Maduro e da sua fraude”, finalizou Macri.