Guerra

Ucrânia repele ataque de drones a Kiev e reivindica destruição de ponte estratégica da Rússia

Autoridades ucranianas afirmam ser "muito provável" que Moscou tenha usado mísseis norte-coreanos; Rússia avança na região de Donbass

Militar passa por carros queimados no local de um ataque russo na cidade de Sumy em 17 de agosto de 2024, em meio à invasão russa da Ucrânia - Genya Savilo/AFP

As forças ucranianas impediram um ataque de mísseis russos contra Kiev na manhã deste domingo, informou a administração civil da capital, acrescentando que não houve feridos.

Relatórios preliminares e autoridades afirmaram que os drones russos atacaram a cidade "quase simultaneamente", mas que foram interceptados fora do perímetro de Kiev pela defesa aérea.

Em um comunicado no Telegram, a administração da capital ucraniana disse que o "inimigo usou armas balísticas para lançar" o ataque, acrescentando que é "muito provável" que se trate de "mísseis balísticos norte-coreanos do tipo KN-23".

De acordo com os países ocidentais, a Coreia do Norte fornece armas à Rússia em sua guerra contra a Ucrânia e recebe assistência espacial em troca.

“Não foi registrada nenhuma destruição em Kiev e não houve registro de vítimas”, acrescentou a fonte.

O ataque russo deste domingo ocorre em meio à incursão ucraniana à região de Kursk, iniciada em 6 de agosto. No maior avanço de um Exército estrangeiro na Rússia desde a Segunda Guerra Mundial, Kiev reivindica o controle de 82 cidades na região e 1.150 km² de território, segundo a Ucrânia.

A incursão surpreendeu Moscou e, pela primeira vez, levou os combates para o território russo de forma maciça e prolongada.

Neste domingo, o comandante da Força Aérea, Mikola Oleshchuk informou que as Forças Aéreas ucranianas também bombardearam uma ponte ponte em Kursk, como parte de sua ofensiva para impedir as operações militares russas naquela área perto da fronteira.

O alvo foi uma ponte sobre o rio Seim, perto da cidade de Zvanoye, a cerca de 15 km ao norte da fronteira entre Rússia e Ucrânia.

"Uma ponte a menos. A aviação da Força Aérea continua privando o inimigo de capacidades logísticas com ataques aéreos de precisão", afirmou Oleshchuk ao publicar um vídeo aéreo da explosão.

O comandante não especificou quando este último ataque ocorreu, mas blogueiros militares russos compartilharam fotos com a data de sábado do que parecia ser a destruição da mesma via.

Na última sexta-feira, Kiev anunciou que havia destruído outra ponte perto da cidade de Glushkovo, também sobre o rio Seim, que blogueiros militares russos disseram ter deixado as forças de Moscou com poucas opções para atravessar a área.

Rússia reivindica nova conquista
Ainda restam muitas dúvidas sobre as intenções de curto e médio prazo da Ucrânia.

As autoridades descartaram qualquer ideia de anexação, mas sim pressionar o exército inimigo e forçar Moscou a negociações “justas”, enquanto a Rússia ainda ocupa cerca de 20% da Ucrânia.

Eles também afirmaram que pretendem criar uma "zona tampão" e corredores humanitários.

De acordo com uma fonte do serviço de imprensa do Ministério da Emergência russo à Tass, mais de 1,7 mil pessoas foram deslocadas de Kursk nas últimas 24 horas.

Até o momento, cerca de 10 mil pessoas, incluindo 3 mil crianças, estão abrigadas em 174 abrigos espalhados pelo país.

Desde o início da ofensiva, pelo menos 12 civis foram mortos e mais de cem ficaram feridos.

No sábado, o presidente Volodymyr Zelensky informou que o Exército ucraniano está reforçando suas posições na região, afirmando que “a operação está ocorrendo exatamente como planejamos”.

O Ministério da Defesa russo disse que suas forças "repeliram" ataques ucranianos a três localidades da região, reiterando neste domingo que seguiam impedindo os ataques ucranianos com o envio de reforços e provocando baixas significativas ao adversário.

Embora a ofensiva ucraniana em Kursk esteja atraindo muita atenção, a maior parte dos combates continua ocorrendo na região de Donbass, onde as tropas russas estão em vantagem contra forças numericamente inferiores.

A expectativa era que a incursão em Kursk desse, inclusive, um alívio às tropas ucranianas.

Neste domingo, a Rússia reivindicou o controle de uma nova cidade, Sviridonivka, a cerca de 15 km da cidade de Pokrovsk, um importante centro logístico para o exército ucraniano.

A cidade, com uma população de 61 mil habitantes antes da invasão russa, fica em uma rota importante para as fortalezas ucranianas de Chasiv Yar e Kostiantinivka, que Moscou pretende controlar.

O rápido avanço desde a captura de Otsheretine no início de maio é um sinal de que a pressão russa continua intensa na frente oriental.

Ataque ao armazém de Petróleo
Paralelamente à sua ofensiva, a Ucrânia continua tentando interromper os suprimentos para as forças de Moscou em território russo, em retaliação aos ataques diários em seu próprio território desde fevereiro de 2022.

Neste domingo, Kiev lançou um ataque com drones a uma instalação de armazenamento de petróleo na região de Rostov, no sul da Rússia, provocando um grande incêndio, segundo o governador de Proletarsk, Vasili Golubev.

Não houve feridos.

Vídeos publicados nas mídias sociais mostraram fumaça preta e chamas saindo do local.

Essa instalação “armazenava petróleo e produtos petrolíferos necessários para os militares russos”, disseram as forças ucranianas, confirmando o ataque.

O Ministério da Defesa russo afirmou ter abatido cinco drones ucranianos durante a noite, dois deles sobre a região de Rostov. Proletarsk está localizada a cerca de 250 km da fronteira russo-ucraniana e a cerca de 350 km das zonas de combate no leste da Ucrânia controladas por Kiev.

Desde o início do conflito, Kiev ataca repetidamente instalações de petróleo e gás na Rússia, a algumas centenas de quilômetros das suas fronteiras, no que chamou de "justa" retaliação pelos ataques à sua infraestrutura energética.