Saúde

Academia de Medicina alerta sobre uso estético indevido do PDRN

O polidesoxirribonucleotídeo é um composto de DNA derivado do esperma de salmão aprovado no Brasil como cosmético, o uso injetável está associado a riscos

O PDRN tem sido usado ilegalmente em forma injetável ou após a escarificação da pele para melhor absorção. - Freepik

A Academia Nacional de Medicina está preocupada com o uso ilegal de PDRN, sigla para polidesoxirribonucleotídeo, um composto de DNA derivado do esperma de salmão, de origem da Coreia do Sul.

O produto é aprovado no Brasil como cosmético de aplicação tópica, mas tem sido usado ilegalmente em forma injetável ou após a escarificação da pele para melhor absorção.

O dermatologista e acadêmico Omar Lupi alerta para o uso indevido do PDRN como “elixir da juventude”, sem que se faça, previamente, o teste, em ambiente hospitalar, para o risco de reação.

“O produto tem sido aplicado, injetado, de forma intradérmica em grandes áreas, em muitos casos após a escareação da pele para ser mais bem absorvido, o que aumenta, em muito, as chances de uma reação prejudicial à saúde”, alerta o médico, em comunicado.

Trabalhos no exterior mostram que o produto pode ajudar na cicatrização de úlcera de perna.

No Brasil, foi aprovado para aplicação tópica, em pele íntegra.

Mas está sendo injetado com a técnica drug delivery, de microperfuração, que facilita a entrega de moléculas terapêuticas nos pontos da pele que estão sendo tratados, no rosto ou no corpo.

“O uso incorreto do PDRN é a grande preocupação atual da dermatologia. Um importante importador no Brasil retirou, voluntariamente, um lote inteiro há duas semanas, por causa da reação anafilática, alérgica, em dezenas de pacientes. E, tudo indica, foram constatados os mesmos problemas em produtos de outros laboratórios”, afirma Lupi.

Além da questão da reação anafilática, o médico fica completamente a descoberto.

Em caso de reação, ele está implicado porque está usando o produto de maneira inapropriada.

Se o paciente questionar e olhar a bula, pode processar o médico, mesmo que não tenha qualquer reação.

“O paciente tem o direito de saber como o produto está sendo utilizado e se seu uso segue a regulamentação brasileira. O médico tem a obrigação ética de não usar o produto fora das especificações, para não colocar em risco a saúde do paciente", completa o médico.