juros

Mercado começa a prever que juros vão chegar a 12% no fim do ano

Atividade forte, mercado de trabalho aquecido e previsões de inflação em alta motivaram revisões

Banco Central do Brasil - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Corretores e bancos começam a projetar juros básicos da economia cada vez mais altos. XP, Legacy, e Asa Investimentos já estão prevendo a Taxa Selic a 12%, com a alta já começando na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 17 e 18 de setembro.

A Legacy espera esse patamar de juros já no fim deste ano. A XP e ASA em janeiro de 2025, com manutenção dessa taxa alta por todo o ano de 2025. Atualmente, a Selic está em 10,5% ao ano.

Política fiscal expansionista, mercado de trabalho aquecido e as expectativas de inflação subindo, distanciando-se da meta, são os motivos apontados pelos analistas para rever tão para cima a taxa Selic.

"Projetamos que o Copom iniciará o ciclo com 0,25 p.p.(ponto percentual) em setembro, seguido de duas altas de 0,50 p.p. e uma elevação final de 0,25 p.p. em janeiro (sob a administração do novo presidente do Banco Central). Acreditamos que o Comitê optará por um ciclo mais rápido (o que explica a expectativa de aceleração de 0,25 p.p. para 0,50 p.p.), pois esta seria uma estratégia melhor, tanto por razões técnicas como políticas.", diz a XP em seu relatório que foi divulgado nesta segunda-feira, referindo-se ao fim do mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto em dezembro.

A XP também revisou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,2% para 2,7% e taxa de desemprego no fim do ano, de 7,3% para 6,5%. E, para 2025, de 7,5% para 7%.

“O salário real médio deve subir cerca de 4,5% este ano, culminando em expansão de aproximadamente 7% na massa de renda agregada do trabalho”

Mesmo com a tragédia no Rio Grande do Sul, o PIB no segundo trimestre deve ter tido crescimento robusto de 1%, prevê a corretora e gestora de recursos.

Inflação de serviços e de preços administrados, com a bandeira amarelo na energia, aumentando a conta de luz, são os motivos para a XP ter aumentado a previsão de inflação de 4,1% para 4,4%, encostando no teto da meta de 4,5%.

A ASA investimentos em seu relatório divulgado na última sexta-feira prevê "alta de 0,25 pp da Selic na reunião de setembro, dando mais duas altas de 0,50 pp em novembro e dezembro, encerrando o ciclo em janeiro de 2025 em 12%".

Segundo a corretora, este movimento deve ocorrer mesmo com a redução dos juros americanos. O efeito da redução na taxa americana terá reflexos em 2025, reduzindo a Selic a 10% no fim do ano que vem. Visão contrária da XP que prevê esse patamar de juros de 12% ao anos até o fim de 2025.

A Legacy gestora espera três altas de 0,50 ponto percentual na taxa básica até o fim do ano, segundo Pedro Jobim, sócio e economista-chefe da Legacy. Anteriormente, a projeção era de estabilidade.

“Com a perspectiva de crescimento contínuo dos gastos do governo, principalmente do lado de benefícios, e com a atividade econômica do jeito que está, é preciso trabalhar com o juro mais alto,” disse Jobim.

A Legacy projeta inflação de 4,5% para 2024 e 2025, e enxerga viés de alta em sua estimativa de crescimento do PIB de 2,5% este ano.

“Com os números mais recentes, o viés dessa projeção é de alta”, diz ele. “O mercado de trabalho permanece muito aquecido, os bancos estão estendendo crédito com vontade, tanto para empresas como para pessoa física.”

Esse movimento de alta de juros nas previsões já começa a aparecer nos números agregados. O Boletim Focus, que reúne as previsões de mais de cem instituições, mostrou que, para 2025, a taxa esperada era de 9,5% há quatro semanas, subiu para 9,75% na semana passada e agora está em 10%.

Apesar de os números para esse ano terem se mantido em 10,5%.