FOLHA ENERGIA

Usina Caeté: legado e inovação

Com capacidade de produzir até 48 MW de energia elétrica, usina alagoana foi uma das primeiras a produzir energia elétrica de forma excedente

No mercado brasileiro de bioenergia, a Caeté se destaca por produzir energia elétrica de forma excedente - Divulgação

A Usina Caeté, localizada em São Miguel dos Campos, no estado de Alagoas, é parte integrante do Grupo Carlos Lyra e tem uma trajetória marcada por um legado de quase seis décadas de atividades industriais e agrícolas. 

O grupo foi fundado em 1951, quando Carlos Benigno Pereira de Lyra Neto assumiu a Algodoeira Lagense S/A, mas foi em 1965 que a empresa expandiu suas operações para o setor agroindustrial da cana-de-açúcar, com a aquisição e toda produção da Usina Caeté.

Essa decisão estratégica marcou o início de uma jornada empresarial que combina tradição familiar, responsabilidade socioambiental e inovação tecnológica.

Atualmente, a Usina Caeté opera três unidades produtoras em Alagoas e São Paulo, sendo um dos pilares da economia regional ao gerar mais de oito mil empregos diretos. 

“Desde sua fundação, a usina desempenha um papel crucial no setor sucroenergético, contribuindo não apenas para a produção de açúcar e etanol, mas também para a geração de bioeletricidade, a partir do bagaço da cana-de-açúcar”, pontua o diretor agroindustrial, Luiz Magno Brito. 

Com uma capacidade instalada de 62,5 MW, a usina é capaz de produzir até 48 MW de energia elétrica, sendo parte essencial da matriz energética renovável do País.

O processo
O meio de produção de energia na Caeté começa com a extração do bagaço durante a moagem da cana, rico em biomassa. Esse material é utilizado como combustível nas caldeiras da usina, onde é queimado para gerar vapor. 

“Principal biomassa utilizada na fornalha das caldeiras, o bagaço é extraído da moagem da cana-de-açúcar. Este combustível renovável é queimado nas fornalhas das caldeiras, gerando vapor que é encaminhado para as turbinas na casa de força. Os conjuntos de turbogeradores geram a energia elétrica necessária para funcionar a planta de produção de açúcar e etanol e, com a sobra desta biomassa, é realizada a exportação de energia excedente”, diz o diretor.

Investindo em inovação
Para otimizar a conversão do bagaço em energia, a Usina Caeté adota tecnologias avançadas como o ciclo Rankine em suas caldeiras. Essas tecnologias permitem a queima eficiente do bagaço, garantindo não apenas a maximização da produção de energia, mas também o uso sustentável dos recursos naturais disponíveis. 

“Utilizamos ferramentas da Indústria 4.0, como a utilização de laços de controles de processos inteligentes, assim como a busca pela motorização completa da fábrica, substituindo os acionamentos com turbinas a vapor por acionamento por motores elétricos, que tornam o balanço energético mais eficiente”, complementa Brito.

Além do bagaço, a usina explora outras formas de biomassa e está constantemente em busca de novas tecnologias que possam aumentar a eficiência energética e reduzir o impacto ambiental de suas operações.

Sustentabilidade
Como fonte renovável, a geração de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar contribui significativamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa em comparação com fontes fósseis. Além disso, a integração desta prática ao ciclo produtivo da usina ajuda a fortalecer a economia circular, onde resíduos são transformados em recursos valiosos.

“Estamos em constante busca pela melhoria contínua da qualidade do produto em sintonia com a sustentabilidade, através de participação de programas em busca de certificações, tais como Renovabio, Selo Verde, etc.”, pontua o diretor agroindustrial.

Luiz Magno Brito, diretor agroindustrial da Usina Caeté | Foto: Divulgação

Mercado e competitividade
No mercado brasileiro de bioenergia, a Usina Caeté se destaca como uma das primeiras a produzir energia elétrica de forma excedente. Essa capacidade de exportação não apenas fortalece sua posição competitiva, mas também contribui para a segurança energética do País. 

Ainda assim, a usina está sempre em busca de um bom posicionamento, a fim de estar à frente neste mercado.


“Os principais desafios da Usina Caeté são melhorar a eficiência térmica e energética por meio de otimizações de processos e equipamentos, o que requer aumentar a escala de produção para tornar a fábrica economicamente mais viável. Também estamos aguardando a recuperação dos preços de venda de energia para níveis que tornem os investimentos nesse setor novamente atraentes”, cita Luiz Magno.

Engajamento 
Firmando parceria com empresas e instituições de pesquisa, a Caeté conta com a colaboração da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), principal núcleo de pesquisa canavieira no âmbito do Governo Federal. 

“Os trabalhos desenvolvidos são focados no desenvolvimento de novas variedades de cana-de-açúcar através do melhoramento genético. As atividades incluem cruzamentos de variedades em um local específico de floração, como a Serra do Ouro, e o plantio das sementes em locais de produção comercial para fins experimentais. Os ciclos experimentais dos cruzamentos podem durar até dez anos nas unidades selecionadas, conforme os diferentes ambientes produtivos, sendo a Usina Caeté uma dessas unidades”, declara Brito.

A contribuição da Usina vai além: a empresa é engajada em projetos sociais e de responsabilidade comunitária nas redondezas na qual está inserida.  Desde a década de 1960, mantém a Escola Conceição Lyra, oferecendo educação de qualidade para filhos de colaboradores e da comunidade local.

 “Nas últimas décadas, mais de 15 mil crianças e adolescentes participaram do processo educacional da instituição. Hoje, cerca de 410 estudantes estão matriculados”, argumenta.

Educação
A unidade de ensino, que não tem fins lucrativos, oferece cursos de Educação Infantil e Ensino Fundamental a uma clientela formada, em sua grande maioria, por filhos dos colaboradores da empresa, atendendo ainda crianças e adolescentes da comunidade.

Os alunos também são beneficiados com programas de merenda, transporte escolar e banco de livros.

Além disso, implementou o Programa de Aprendizagem em parceria com o Senai, o Senar, o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e a Associação Pestalozzi de Maceió.

Ao longo dos anos, foram oferecidos cursos em diversas áreas, incluindo Técnico em Eletromecânica, Soldador Caldeireiro, Eletricista de Manutenção Industrial, Mecânico de Manutenção de Máquinas Industriais, Mecanização Agrícola, entre outros.

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