Justiça

Delegados da PF vão processar Eduardo Bolsonaro e Marcos do Val por ataques à instituição

Associação decidiu entrar com representações contra parlamentares devido a publicações nas redes que instigam a violência contra delegado de investigações que atingem bolsonaristas

Eduardo Bolsonaro, deputado federal - Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) vai apresentar ações judiciais contra o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por ataques à instituição.

A decisão foi tomada nesta terça-feira, 20, em assembleia da organização.

O Estadão tentou contato com Do Val e Eduardo, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Serão dois processos separados. Do Val será alvo de uma denúncia-crime na Procuradoria-Geral da República (PGR) e na própria PF por incitação ao crime.

Em uma publicação nas redes sociais, o parlamentar publicou uma foto do delegado Fábio Alvarez Shor com a legenda "procurado", insinuando que ele fosse um criminoso.

Os associados à ADPF também vão apresentar uma ação na União contra Eduardo por declarações contra o mesmo delegado e contra toda a PF.

Além disso, eles vão entrar com representações nos Conselhos de Ética da Câmara e do Senado contra os parlamentares As ações devem ser protocoladas ainda nesta semana.

Shor conduz inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF) relatados pelo ministro Alexandre de Moraes, como o dos atos antidemocráticos do 8 de Janeiro e das tentativas de golpe de Estado.

As duas investigações miram aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"A imunidade parlamentar não autoriza qualquer pessoa a propagar acusações infundadas e ofensas que têm o objetivo de constranger o delegado que atuou no estrito cumprimento do dever legal, visando a desqualificar o trabalho técnico e independente realizado pela Polícia Federal", diz a nota da entidade.

Na semana passada, o senador foi um dos alvos da Operação Disque 100, deflagrada pela PF.

Ele foi acusado de corrupção de menores e, na mesma investigação, teve suas redes sociais bloqueadas e bloqueio de até R$ 50 milhões em suas contas.