FOLHA ENERGIA

Energia solar: segmento que vem crescendo no Brasil

A geração de energia elétrica de fonte solar vem se tornando mais acessível e, por isso, cresceu mais de 68% no ano passado e já chega a representar 7% do total

A geração fotovoltaica foi responsável por evitar a emissão de 52 milhões de toneladas de CO2 - Freepik

Limpa e renovável, a energia solar tem registrado um crescimento expressivo no Brasil nos últimos anos.

De acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN) de 2024, a geração de energia solar (que inclui a solar fotovoltaica e a solar térmica) teve um crescimento de 51,1% em 2023 e se destacou como o que obteve o maior avanço no País no último ano, se tornando responsável por 1,7% de toda matriz energética brasileira.

Em relação apenas à capacidade de produzir energia elétrica para o País, o segmento responde por 7% do total.

Ainda segundo o Balanço, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do Governo Federal, foram gerados 50.633 GWh de energia a partir desses sistemas. Na comparação com 2022, o resultado obtido representa um avanço de 68,1%. 

Por ser limpa, a geração realizada pelo setor fotovoltaico até o último ano já foi responsável por evitar a emissão de cerca de 45,5 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). 

Brasil diante do mundo
Além disso, o aumento na geração obtido em 2023 colocou o Brasil como responsável por 4% da energia fotovoltaica disponibilizada em todo o mercado mundial no período.

Os resultados expressivos obtidos pelo setor deverão auxiliar na manutenção do Brasil entre os primeiros na lista dos países que possuem os maiores mercados de energia solar.

De acordo com o relatório da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), o Brasil finalizou o último ano como o 6º maior produtor de energia solar, ficando atrás da China, Estados Unidos, Japão, Alemanha e Índia, respectivamente.

Dividida entre geração distribuída e geração centralizada, a modalidade solar fotovoltaica segue atraindo um grande volume de investimentos. Para viabilizar o crescimento, o setor recebeu um aporte de mais de R$ 202 bilhões nos últimos anos.

Recursos
O alto volume de recursos também foi responsável pela geração de mais de 1,3 milhão de empregos verdes - postos de trabalho que contribuem para a redução das emissões de carbono - desde 2012. 

Como resultado, a expansão da geração fotovoltaica no território brasileiro coloca o país em posição de destaque na geopolítica global de transição energética.

Esse posicionamento deverá ser reforçado com a realização de eventos internacionais como a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) no país.

No último ano, a participação das fontes renováveis na matriz elétrica brasileira atingiu 89,2%.

Segundo o BEN, o incremento realizado nos últimos anos tanto pela geração solar quanto eólica, foram essenciais para auxiliar na manutenção da renovabilidade da Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE), especialmente em períodos de maior estresse hídrico no país. 

Além disso, o balanço também aponta que as políticas de incentivo à geração de eletricidade a partir de fontes renováveis trouxeram uma importante contribuição para a diversificação da matriz elétrica, demonstrando o esforço do País no processo de transição energética que tem como objetivo reduzir a emissão de gases poluentes e aumentar a segurança energética.

De acordo com o presidente do Conselho de Administração da Absolar, Ronaldo Koloszuk, a alta no setor é um reflexo da busca por soluções para a geração de energia.

“O crescimento exponencial da energia solar reflete a popularização e a grande atratividade da tecnologia fotovoltaica no Brasil, tanto para os consumidores em suas residências, empresas e propriedades rurais quanto para a expansão do Sistema Interligado Nacional com as usinas de maior porte”, afirma.

Oferta interna de energia
Entre o segmento das fontes renováveis, a energia solar foi a que obteve o maior crescimento com relação à oferta interna. Em 2023, a disponibilidade saiu de 3,6 Mtep (megatoneladas equivalentes de petróleo) para 5,4, número que representa uma alta de 51,1%.

Dividida em modelos de geração, a energia solar fotovoltaica apresenta soluções tanto para grandes indústrias quanto para consumidores residenciais, por exemplo. 

Em 2023, o último grupo registrou um avanço de 4,1% em seu consumo energético, tendo a fonte solar térmica - energia utilizada para o aquecimento de água em coletores aberto, fechado e tubo a vácuo - aumentado sua participação em 7% no mesmo período.  

Segundo o Balanço Energético Nacional (BEN) de 2024, esse modelo de geração atingiu a capacidade de 12.484, resultado de um crescimento ao longo dos anos com alta contribuição do consumo pelo setor residencial que representa 79,7% do consumo da fonte solar térmica no Brasil.

Em segundo lugar aparece o setor comercial com 17,3% do consumo, seguido pela indústria, com menos de 3%.

Redução de custos
Uma das motivações para o aumento da procura pela fonte solar fotovoltaica e térmica está na diminuição de custos oferecida.

Em alguns casos, a redução pode levar o consumidor a chegar perto de zerar a conta mensal de energia, passando a arcar apenas com os custos da linha de transmissão. 

Essa alta na demanda por fontes limpas, renováveis e que se tornam mais econômicas após o investimento inicial são fatores que impulsionam o crescimento da geração fotovoltaica no país.    

Além disso, o CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia, avalia que o protagonismo da tecnologia fotovoltaica na transição energética brasileira também deverá contribuir fortemente para o desenvolvimento social, econômico e ambiental, em todas as esferas da sociedade. 

“Além de acelerar a descarbonização das atividades econômicas e ajudar no combate ao aquecimento global, a fonte solar tem papel cada vez mais estratégico para a competitividade dos setores produtivos, alívio no orçamento familiar, independência energética e prosperidade das nações”, explica.

Rodrigo Sauaia, CEO da Absolar

Competitivas
Rodrigo destaca ainda que a fonte solar fotovoltaica é atualmente uma das mais competitivas do país, além de estar alinhada ao cenário internacional de incentivo ao uso de fontes de energia limpa e renovável. 

“O crescimento acelerado da energia solar é tendência mundial e o avanço brasileiro nesta área é destaque internacional. O Brasil possui um dos melhores recursos solares do planeta e assume cada vez mais protagonismo neste processo de transição energética e combate ao aquecimento global”, comenta. 

A opinião do CEO é compartilhada por Ronaldo Koloszuk que ressalta a importância da geração de energia limpa para impulsionar a sustentabilidade no Brasil e no mundo, especialmente no enfrentamento às atuais mudanças climáticas que representam um desafio para o mundo. 

Além disso, Ronaldo destaca o potencial do setor para impulsionar o desenvolvimento econômico por meio da atração de grandes investimentos.

"A fonte solar é um verdadeiro motor de desenvolvimento sustentável, que atrai capital, traz divisas, gera grandes oportunidades de negócios, cria novos empregos verdes e amplia a renda dos cidadãos”, conclui.

Atualmente, de acordo com a Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), o modelo de geração é responsável pelo abastecimento de mais de 3,8 milhões de unidades consumidoras (UCs) no Brasil, além de estar presente em mais de 5,5 mil municípios.

Modelo
No último ano, a capacidade instalada de micro e minigeração distribuída - modelo que possui uma potência instalada até 75 quilowatts (KW) - de energia solar avançou em 7,4 GW, segundo a Aneel. 

Considerando o resultado obtido em 2023 como parâmetro para a projeção, a entidade espera que nesse ano haja uma expansão semelhante. Dessa forma, a expectativa é de que seja alcançado um total instalado de mais de 33,2 GW em todo o país. 

Com o volume, a projeção é de que seja realizado um aporte de R$ 37 bilhões apenas no segmento de micro e minigeração distribuída. Apenas no último ano, o setor ultrapassou a marca de R$ 100 bilhões em investimentos acumulados.

Já para 2024, a projeção é que o modelo de geração como um todo registre um crescimento de mais 35%, totalizando mais de R$ 140 bilhões em aportes financeiros.

“Atingir 30 GW de geração distribuída é uma marca histórica que reflete o compromisso do Brasil com um futuro energético mais sustentável e descentralizado. Esse marco não só demonstra a capacidade e o potencial do país em adotar fontes de energia renovável, mas também destaca a importância de políticas públicas eficientes e o engajamento da sociedade em busca de soluções energéticas mais sustentáveis”, afirmou o presidente da ABGD, Carlos Evangelista.