Antes de morrer, Silvio Santos dividiu fortuna entre as filhas; veja como ficou testamento
Cada uma das seis filhas de Silvio Santos recebe o valor de R$ 100 milhões, além de outros bens e imóveis
O apresentador Silvio Santos se preocupou em não saber de brigas por sua herança e decidiu deixar tudo em ordem. Antes de morrer, Silvio Santos deixou estabelecido em testamento que seu patrimônio seria dividido entre as seis filhas, Cintia, Silvia, Renata, Rebeca, Patrícia e Daniela, e a esposa, Íris Abravanel.
Como Silvio Santos dividiu a fortuna entre as filhas e a mulher?
Silvio possui uma fortuna avaliada em R$ 1,6 bilhão, segundo a revista Forbes. Na partilha, cada filha, além de outros bens e imóveis, receberia o valor de R$ 100 milhões. A informação foi divulgada pela Record TV. Em contato com o SBT, a emissora informou que não comenta sobre a vida pessoal de seu líder.
"O meu pai já dividiu, sim, uma parte da herança, e eu acho importante. Ele está tendo a oportunidade de ver o que nós estamos realizando com as coisas que ele construiu. Achei muito inteligente da parte dele poder acompanhar tudo isso. Nada valeria a pena se ele não estivesse mais aqui", disse Cíntia Abravanel, a primogênita do apresentador, em entrevista ao "F5", em julho deste ano.
Das herdeiras, Patrícia Abravanel comanda o “Programa Silvio Santos” no lugar do pai, enquanto que Daniela Beyruti é vice-presidente do SBT.
Silvio Santos morreu aos 93 anos
Criador de um dos maiores grupos de comunicação do país, o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), Silvio Santos marcou como poucos a história da TV e da cultura nacionais. O apresentador e empresário morreu neste sábado, aos 93 anos, em São Paulo. Ele estava internado há 17 dias no Hospital Albert Einstein. A assessoria de imprensa do SBT informou que não houve velório de Silvio Santos, respeitando a vontade do apresentador. O enterro foi uma cerimônia judaica, em local não divulgado.
Quem foi Silvio Santos?
Primogênito de dois imigrantes judeus sefarditas que vieram para o Brasil em 1924, Senor Abravanel, seu nome de batismo, nasceu em 12 de dezembro de 1930, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro.
Com um de seus quatro irmãos, Leon, começou a vender nas ruas da então capital brasileira capinhas plásticas para guardar título de eleitor, nas eleições de 1946. Era seu primeiro passo como empreendedor, aos 14 anos.
A voz bem postada de vendedor ambulante chamou atenção e garantiu-lhe um teste na Rádio Guanabara, mas a remuneração não lhe permitiu abandonar a vida de camelô. Aos 18 anos, trabalhando em uma rádio em Niterói, ele iniciou seu primeiro empreendimento: um serviço de alto-falante nas barcas que cruzavam a Baía de Guanabara.
Aos 20 anos, decidiu mudar-se para São Paulo, onde iria apresentar espetáculos e sorteios em caravanas de artistas. Na Rádio Nacional, onde era locutor, conheceu o ator, humorista e autor Manoel de Nóbrega. O criador da "Praça da Alegria" estava em dificuldades para administrar uma empresa de venda de brinquedos por prestações em carnês mensais, chamada Baú da Felicidade. Silvio assumiu o empreendimento, que em 1962 viria a se tornar o Grupo Silvio Santos, quando, além de brinquedos, passaria a financiar eletrodomésticos, carros e até casas. O grupo também ganhou um braço financeiro, em 1969, que daria origem ao Banco PanAmericano.
Estreia na TV
A carreira de Silvio Santos na TV teve início como uma estratégia para promover o Baú da Felicidade. O empresário comprava horários de meia-hora na faixa nobre das noites de segunda-feira, na TV Paulista, para exibir o programa "Vamos brincar de forca". Na atração, clientes em dia com o carnê do Baú eram sorteados para participar de um jogo da forca no estúdio, no qual concorriam a prêmios.
Três anos depois, o apresentador comprou parte do horário do domingo da mesma emissora, onde estreou, em 2 de junho de 1963, o "Programa Silvio Santos". Com a venda do espólio da TV Paulista para a recém-inaugurada TV Globo, em 1965, o programa passou a fazer parte da grade da emissora carioca, com o apresentador indo ao ar inicialmente apenas em São Paulo e, depois de 1969, em cadeia nacional.
Com o sucesso na telinha e nos negócios, o empresário planejava ter sua própria TV, o que consegue em 1975. Inicialmente batizada de TVS, no canal 11 do Rio, a emissora passou a se chamar Sistema Brasileiro de Televisão, ou simplesmente SBT, quando o grupo ganhou a concessão de outros quatro canais, em 1981.
Nos anos 1980, o apresentador tornou-se definitivamente parte do imaginário nacional ao consolidar algumas das principais atrações do Programa Silvio Santos, desde o "Domingo no Parque", infantil que abria a maratona, até o horário nobre, com destaques como o "Qual é a música", "Topa tudo por dinheiro" e "A porta da esperança".
Mas foi o "Show de calouros" que se tornou a marca registrada das noites de domingo no país. Exibida desde 1977, a atração ganhou seu formato mais lembrado na década de 1980, com a bancada de jurados que incluiu, ao longo dos anos, nomes como a cantora Aracy de Almeida, os jornalistas Décio Piccinini, Nelson Rubens e Sônia Abrão, a bailarina Flôr, a atriz Sônia Lima, o ator Pedro de Lara e o humorista e apresentador Sérgio Mallandro.
Política, carnaval e sequestro
Em 1988, o apresentador propôs sua candidatura à prefeitura de São Paulo pelo Partido da Frente Liberal (PFL), mas não levou a disputa à frente.
No ano seguinte, quando o país preparava-se para sua primeira eleição presidencial após 25 anos, incluindo 21 anos de ditadura e outros quatro anos do governo de José Sarney — vice que assumiu após a morte de Tancredo Neves, eleito indiretamente pelo Congresso em 1985 —, Silvio Santos decidiu lançar-se candidato pelo inexpressivo PMB (Partido Municipalista Brasileiro).
Os planos, contudo, foram frustrados quando o TSE cassou a candidatura a seis dias do primeiro turno, por entender que o PMB não havia cumprido todos os requisitos para concorrer ao pleito e que o apresentador estaria inelegível por ser dirigente de uma rede de TV, utilizando uma concessão pública. Depois, não voltou a se candidatar a nenhum cargo público.
A partir da década de 1990, Silvio reduz gradativamente seu tempo aos domingos, dividindo a tela como outras estrelas da casa, como o apresentador Gugu Liberato (que trocou em 1993 o "Viva a noite", atração noturna do sábado, pelo vespertino "Domingo legal"), Eliana e Celso Portiolli.
Em 2001, o apresentador foi homenageado no carnaval carioca com o enredo "Hoje é domingo, é alegria. Vamos sorrir e cantar", da Tradição. O desfile da escola do Campinho, que destacou a trajetória do apresentador desde os tempos de camelô, contou com a presença do próprio, além de outras estrelas do SBT, como Gugu Liberato, Hebe Camargo, Ratinho e Carlos Alberto de Nóbrega.