OPERAÇÃO DISCLOSURE

Tribunal no Rio derruba ordem de prisão contra ex-CEO da Americanas

Segundo os investigadores da Operação Disclosure, Gutierrez teve envolvimento direto nas fraudes que vitimaram as lojas Americanas

O Caso Americanas que ganhou repercussão em janeiro de 2023 abalou o mundo empresarial ao divulgar desfalques bilionários na empresa - Mauro Pimentel / AFP

O Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Rio, revogou a ordem de prisão do ex-CEO da Americanas Miguel Gutierrez na Operação Disclosure, investigação sobre fraudes de R$ 25,3 bilhões na varejista.

Em junho, o executivo chegou a ser detido em Madri, mas logo em seguida foi colocado em liberdade pela Justiça da Espanha, após entregar seu passaporte. Agora, o mandado de prisão foi oficialmente derrubado pela Justiça brasileira e assim o nome do ex-CEO deve ser retirado da lista de Difusão Vermelha da Interpol.

Segundo os investigadores da Operação Disclosure, Gutierrez teve envolvimento direto nas fraudes que vitimaram as lojas Americanas, "vez que participava do fechamento dos resultados" da varejista.

Ele tinha a palavra final sobre os números supostamente inflados levados ao Conselho de Administração e ao mercado, diz a PF.

A defesa do ex-CEO afirma que ele "jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude". "A defesa nega veementemente a participação de Miguel Gutierrez em qualquer fraude ou prática de atos para ocultar seu patrimônio, que se encontra estruturado de forma absolutamente lícita e transparente."

Como mostrou o Estadão, a PF afirma ter encontrado provas que contestam a versão de Miguel Gutierrez, inclusive manuscritos que indicam "não apenas que ele de fato tinha conhecimento, como acompanhava de perto o principal mecanismo da fraude".

As anotações foram encontradas no iPad de Gutierrez e embasaram a PF no pedido de sua prisão preventiva, agora revogada.

Ainda de acordo com o inquérito, Gutierrez, a ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali e outros ex-executivos da rede venderam R$ 287 milhões em ações antes que fosse anunciado, em janeiro do ano passado, o rombo de R$ 25,3 bilhões no balanço da empresa devido a "inconsistências contábeis".