Sebrae Pernambuco: incentivo ao futuro sustentável
Pesquisa realizada pelo Sebrae mostra que 90% dos micro e pequenos empresários consideram a sustentabilidade muito importante ou importante para economia
Representando mais de 90% dos negócios no Brasil, as micro e pequenas empresas têm um papel crucial na construção de um futuro sustentável.
O próprio mercado vem exigindo mudanças significativas, uma vez que as preferências dos consumidores estão cada vez mais direcionadas à sustentabilidade.
Cientes, contudo, das suas limitações, esses consumidores também estão pressionando governos e empresas para que também façam sua parte, como indica o relatório Top Global Consumer Trends 2024, elaborado pela Euromonitor.
Com o intuito de ajudar os pequenos negócios a enfrentarem esse cenário, o Sebrae Pernambuco (Sebrae-PE) tem trabalhado em várias frentes para promover a agenda ESG entre as MPEs.
Pesquisa
Pesquisa realizada pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade com micro e pequenas empresas de todo o País revela que 90% delas consideram muito importante (47%) ou importante (43%) a inclusão da preocupação de reduzir os impactos ambientais ou da proteção da natureza na gestão dos negócios.
No Nordeste, contudo, esse cenário é mais desafiador. Embora 62% das empresas respondentes tenham considerado essa discussão como “importante”, apenas 25% delas consideraram-na como “muito importante” – o menor índice entre todas as regiões.
Para o superintendente do Sebrae-PE, Murilo Guerra, o grande desafio é mostrar aos pequenos negócios que trabalhar a sustentabilidade também é um caminho para garantir o diferencial competitivo, reduzir custos e aumentar a eficiência e a produtividade.
“Eu vejo que, de fato, as micro e pequenas empresas consideram que a sustentabilidade é um assunto relevante, que merece ser discutido, mas ainda não enxergam que isso é algo que também diz respeito ao funcionamento dos pequenos negócios."
"Antes de pensarem nessa questão, eles procuram resolver problemas que consideram mais urgentes, como marketing e vendas. Nosso propósito é transformar esse ponto de vista, porque aderir à agenda da sustentabilidade também é uma questão de competitividade e sobrevivência”, afirma o superintendente do Sebrae-PE, Murilo Guerra, acrescentando que, com a entrada em vigor de novas legislações e com a conscientização dos consumidores, esse panorama tem começado a se alterar.
Suporte
Para oferecer suporte aos pequenos negócios diante dessas novas demandas, o Sebrae-PE vem desenvolvendo novas soluções cujo foco seja a sustentabilidade.
Por meio do Sebraetec, programa do Sebrae que disponibiliza consultorias tecnológicas para as empresas, por exemplo, é possível ter acesso a consultorias em temáticas como resíduos, eficiência energética e gestão da sustentabilidade. A contratação de todos esses serviços conta com subsídio de 70% do Sebrae.
Outra iniciativa da instituição é a jornada “Custo, consumo e geração de energia”, que ajuda o empresário a identificar o perfil energético do seu negócio e oferece caminhos para maximizar o uso da energia elétrica.
Já na trilha “ESG para pequenos negócios”, por meio de cursos e consultorias, o empresário aprende, de fato, o que é ESG e como a sua empresa está em relação a essa temática, além de construir um plano de ação com metas e indicadores definidos para o seu negócio.
“Todos os clientes interessados nesses temas podem acessar os nossos canais de atendimento ou virem de forma espontânea aos nossos escritórios, porque estamos prontos para ajudá-los”, reforça Guerra.
A instituição também tem trabalhado ao lado de parceiros como a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) para atuar de forma amplificada e estratégica em todo o território estadual.
Em Araripina, por exemplo, foi desenvolvido o Programa de Fortalecimento da Cadeia Produtiva do Gesso, que beneficiou 60 indústrias da região com consultorias de eficiência produtiva e de eficiência energética.
Entre os resultados conquistados pela iniciativa, estão a redução de 5% no consumo de lenha por fornada, além de redução de 16% e 21% na emissão de monóxido de carbono e de óxidos de nitrogênio, respectivamente.
Biofábrica
Já em Porto de Galinhas, no Litoral Sul, o turismo regenerativo tem sido o foco de atuação da Biofábrica de Corais, startup de restauração de ecossistemas recifais apoiada pelo Sebrae-PE desde 2021.
De forma conjunta, um novo projeto que vem sendo desenvolvido pelas instituições busca alinhar o potencial turístico local a práticas sustentáveis, por meio da qualificação dos empreendedores e da construção de um novo roteiro turístico.
A proposta é que a Rota dos Corais consiga engajar os turistas não apenas na preservação do meio ambiente, mas também na recuperação dos corais, por meio da implantação dos fragmentos de corais nos berços reprodutivos que estão submersos no mar.
Murilo Guerra destaca, ainda, a importância dos projetos com foco social, a exemplo dos Jovens de Impacto, uma iniciativa inovadora que incentiva estudantes de escola pública a desenvolver ações de impacto positivo para ajudar a solucionar problemas socioambientais existentes nas suas escolas ou comunidades.
“Neste seu quarto ano, o programa, que conta com a parceria da Verda, irá atuar em 100 escolas de todo o Estado, com a expectativa de impactar, diretamente, cerca de 45 mil jovens”, ressalta o superintendente do Sebrae-PE.
Planejamento estratégico
O desenvolvimento desses projetos é parte de um plano mais amplo e ambicioso da instituição, o Planejamento Estratégico 2024-2027, que incorpora o ESG nas suas diretrizes.
“A ética, a transparência e a responsabilidade socioambiental fazem parte das nossas crenças e valores. Todas as ações que desenvolvemos são guiadas por esse norte”, explica Murilo Guerra.
Segundo ele, esse caminho já vem sendo trilhado desde os anos 2000 pela instituição, mas ganhou ainda mais força e consolidação com a adesão ao Pacto Global da ONU, em 2022.
Para direcionar sua atuação, o Sebrae-PE elegeu como prioritários os seguintes Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS): educação de qualidade (ODS 4), igualdade de gênero (ODS 5), trabalho decente e crescimento econômico (ODS 8) e consumo e produção responsáveis (ODS 12).
“A própria missão do Sebrae tem muita correlação com esses objetivos, sobretudo o ODS 8. Se a gente observar a meta 8.3, vemos que um dos focos dela é incentivar o empreendedorismo, o que é exatamente nosso papel. É por isso que a temática do ESG precisa ser transversal na nossa instituição”, evidencia Guerra.
Ações internas
Para fazer sua parte nesse processo, o Sebrae desenvolve diversas ações internas focadas em sustentabilidade, a exemplo da captação de águas pluviais para a irrigação do jardim e a produção do seu próprio adubo orgânico, por meio de compostagem.
Em seu maior evento, a Feira do Empreendedor, realizada no último mês de maio, a instituição também se empenhou para que o evento fosse lixo zero, com a estruturação de uma central de resíduos que atuou durante todo o evento. Questões como diversidade e inclusão também foram consideradas na escolha das equipes de trabalho.