Transição energética

Descarbonização: o futuro dos veículos

Como a transição energética vem impactando a indústria automobilística no Brasil e no mundo

Mais de 79 mil veículos elétricos foram vendidos no Brasil de janeiro a junho de 2024 - Foto: Istock

A mobilidade é essencial na vida moderna e, com a crescente conscientização ambiental, torna-se cada vez mais crucial que esse serviço seja sustentável. Para isso, a indústria automotiva está em constante evolução para oferecer soluções mais ecológicas.

Nesse contexto, os carros elétricos e híbridos estão se tornando uma alternativa mais limpa aos motores de combustão tradicionais.

Em resposta a essas novas demandas, a Stellantis, conglomerado automotivo responsável por projetar, fabricar e vender automóveis de 14 marcas, lançou o plano estratégico global Dare Forward 2030, com a meta de reduzir em 50% as emissões de gás carbônico (CO2) até 2030 e atingir a neutralidade de carbono até 2038. Entre as plantas industriais da Stellantis, está a do do Polo Automotivo de Goiana, na Zona da Mata Norte do Estado.

O projeto da Stellantis abrange toda a cadeia de valor, desde o desenvolvimento de produtos até o consumidor final.  A estratégia inclui o conceito de múltipla matriz energética, que utiliza as vantagens competitivas regionais para tornar a propulsão mais limpa e eficiente. Na América do Sul, a empresa anunciou um investimento recorde de R$ 32 bilhões, com o objetivo de lançar 40 novos produtos entre 2025 e 2030, além de desenvolver novas tecnologias, como o Bio-Hybrid, que combina biocombustíveis com eletrificação.

Perspectivas

No cenário global, de acordo com a S&P Global Mobility – empresa que atua no fornecimento de soluções tecnológicas para o setor automotivo -, espera-se que 2026 seja um ponto de inflexão, quando mais de 25% dos novos veículos de passageiros serão elétricos. A Europa, em particular, está liderando essa transição, com previsão de que 64% dos carros vendidos até 2030 sejam totalmente elétricos.

No Brasil, embora o mercado de veículos elétricos esteja crescendo, ele ainda enfrenta desafios como a falta de infraestrutura de recarga e o custo elevado dos veículos. Mesmo assim, a tendência é de crescimento acelerado, especialmente com a adoção de políticas públicas e incentivos fiscais. 

Ainda segundo a S&P, em 2023, foram vendidos cerca de 13,36 milhões de veículos eletrificados em todo o mundo, e o Brasil começa a se destacar na América Latina como um mercado emergente para essa tecnologia.

“Para enfrentar esses desafios, a Stellantis, através de seu departamento de e-Mobility, busca desenvolver soluções integradas que suportem a expansão da mobilidade elétrica. Parcerias com empresas como Tupinambá, ESTAPAR e ZLETRIC estão garantindo a instalação de estações de recarga em todo o Brasil, facilitando o acesso dos consumidores à nova tecnologia”, frisou vice-presidente de Assuntos Regulatórios da Stellantis para a América do Sul, João Irineu Medeiros.

Híbridos

Os veículos híbridos também desempenham um papel crucial na transição energética, oferecendo uma solução intermediária enquanto a infraestrutura para veículos totalmente elétricos continua a se desenvolver.

Eles combinam motores de combustão com baterias elétricas, proporcionando eficiência energética e menor emissão de gases poluentes. “A descarbonização é o resultado desejado e necessário da reinvenção da mobilidade já em curso, enquanto a eletrificação é um dos caminhos para se alcançar a descarbonização da propulsão”, destacou o vice-presidente da Stellantis.

Ainda de acordo com Medeiros, o uso do etanol combinado com eletrificação é o caminho mais rápido e viável do ponto de vista social, econômico e ambiental para uma crescente eletrificação da frota brasileira.  

Ele garante que, nos próximos 10 anos, a indústria automotiva passará por mudanças profundas, impulsionadas por avanços tecnológicos e preocupações ambientais. 

A Stellantis, com um o planejamento de um novo ciclo de investimentos de R$ 30 bilhões no Brasil, destinará R$ 13 bilhões ao Polo de Goiana.

“Esse investimento vai apoiar o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias de descarbonização, além de fortalecer a cadeia de fornecedores locais. O aporte também trará impactos positivos sobre todo o entorno, gerando empregos, estimulando a indústria, o comércio, os serviços, a educação e a qualidade de vida de toda a região, e trazendo novas perspectivas de futuro para as pessoas”, diz o vice-presidente.

O Polo Automotivo Stellantis de Goiana é reconhecido pelo desenvolvimento de tecnologias de ponta, agora somadas aos esforços de inovação em hibridização e eletrificação.  

Já o Software Center, sediado no Porto Digital, no Recife, é referência na produção e exportação de software automotivo, enquanto os laboratórios instalados no Polo, e em parcerias com universidades do Nordeste, dedicam-se ao desenvolvimento da eletrônica embarcada e conectividade dos veículos, com ênfase para os Sistemas Avançados de Assistência ao Motorista (ADAS), que é a base da direção autônoma.

Além disso, o Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) é uma iniciativa que busca estimular essa transição, oferecendo incentivos fiscais para empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias.

“O Mover nos traz previsibilidade e um horizonte claro, o que é crucial em um setor como o nosso, que exige muito capital e planejamento. O programa tem uma relação direta com novos investimentos anunciados pela Stellantis e está alinhado com a nossa estratégia de descarbonização da mobilidade”, concluiu João Irineu.