São Paulo teve o mês mais incendiário já registrado no estado em agosto
Número de focos de fogo no estado foi o maior desde que se iniciou o monitoramento sistemático por satélite, em 1998
Mesmo com a Defesa Civil tendo afirmado que já conseguiu controlar os incêndios rurais que atingiram São Paulo ao longo da última semana, o estado teve o mês mais incediário desde que o monitoramento do fogo por satélite se iniciou no país, em 1998.
Até a noite de ontem, a cinco dias de agosto terminar, havia registros de 3.482 de estado no mês em solo paulista. O recorde anterior havia sido agosto de 2010, ano de uma grande estiagem na qual São Paulo teve 2.444 focos em agosto.
Os números são do satélite Aqua, da Nasa, que o Instituto Nacional de Pesquisas espaciais usa como referência para séries históricas de dados.
Entre os cinco municípios que mais sofreram com os incêndios, três estão na região de Ribeirão Preto (Pitangueiras Altinópolis e Sertãozinho), um na região de Bauru (Ibitinga) e um na região de São José do Rio Preto (Olímpia).
Pitangueiras acumulou sozinho 100 grandes frentes de fogo ao longo do mês (com mais de 30 metros de largura), tendo sido o recordista, incluindo aquelas que demoraram vários dias para se apagar.
O satélite também consegue detectar o volume de vegetação e biomassa queimada pela intensidade da radiação captada. Quando avaliada o potencial reativo do fogo (FRP), uma métrica que mostra esse indicador, o município que se destacou foi Cajuru, também na região de Ribeirão Preto.
No fim da tarde, o aumento da umidade começou a ajudar o estado a controlar os focos mais preocupantes.
Em uma reunião ontem de equipe do programa Prevfogo, na sede do Ibama em Brasília, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o uso do fogo para manejar pastos e lavouras foi grande fator amplificador do problema, que se agravou por causa do clima no mês.
— Em São Paulo, não é natural em hipótese alguma que em poucos dias tenha tantas frentes de incêndio envolvendo simultaneamente vários municípios — afirmou Marina em entrevista coletiva após a reunião.
— É preciso parar de atear fogo. Mesmo colocando tudo que está à disposição dos governos estaduais e municipais, dos esforços privados e do governo federal, se não parar de colocar fogo em um período de temperatura alta, baixa umidade relativa do ar e ventos que vão até 70 km/h, não há como conter o fogo.
Segundo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, investigações estão sendo conduzidas para identificar responsáveis por iniciar queimadas.
— Ontem (sábado) houve uma prisão em Ribeirão Preto, hoje (domingo) houve uma em Batatais. As forças de segurança estão bem mobilizadas para impedir esse tipo de ação e o oportunismo, que são aquelas pessoas que têm descarte para fazer e querem aproveitar o incêndio para queimar lixo e queimar resíduo — afirmou, em entrevista coletiva junto com coordenadores da Defesa Civil.