Brasil tem 624 cidades em situação de emergência devido à estiagem
Em relação aos incêndios florestais, 4 milhões de pessoas foram afetadas apenas este mês
O cenário de constantes queimadas, rios expostos e animais morrendo pela falta de água, levou 624 cidades a declararem situação de emergência devido à estiagem no país.
A maioria dos municípios, 152 deles, está localizada na Paraíba.
Os estados da Bahia e do Pernambuco aparecem em seguida, com 120 e 111 cidades afetadas, respectivamente.
O levantamento foi feito pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), a pedido do Globo.
Nesta quarta-feira, as cidades Artur Nogueira e São Pedro do Turvo, em São Paulo, tiveram reconhecidas a situação de emergência.
Nos últimos dias, dezenas de municípios paulistas vivenciam contraste de temperaturas. Numa semana em que o interior registrou recordes de incêndio por causa da estiagem, a capital teve um dia úmido e com frio.
Desde sexta-feira a Defesa Civil Municipal estava em estado de alerta para a baixa no termômetro, e o ponto mais crítico foi nesta última madrugada.
Segundo a Secretaria de Defesa Civil (Sedec) do Ministério da Integração, a estiagem é um período com um registro baixo ou zerado de índice de chuva. Fica categorizada a estiagem quando o solo perde mais umidade do que é reposto pelas precipitações. A seca surge durante um período de estiagem prolongada, gerando tempo seco e desequilíbrio hidrológico grave.
De acordo um relatório do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), das 27 unidades da federação, 16 estados e o Distrito Federal enfrentam a pior estiagem já vista no período de maio a agosto, desde os anos 1980.
Hoje, mais de 3,8 mil cidades estão com alguma classificação de seca (de fraca a excepcional). O índice de seca é calculado com base no índice de chuva, variando conforme a proximidade ou distância da média e período. O número de cidades nessa situação aumentou quase 60% entre julho e agosto e, segundo o Cemaden, os números de agosto ainda são uma prévia e até o fim do mês o cenário pode piorar.
Decretos por incêndio
No caso dos decretos de situação de emergência por incêndios, a Confederação Nacional dos Municípios contabilizou, a partir de dados do MIDR, que o mês de agosto representa 70% do total de decretações desde janeiro até 26 de agosto, com 118 das 167 decretações.
A maioria é de São Paulo, com 51 decretações, seguida por Minas Gerais e Acre, com 35 e 22, respectivamente.
Para se ter dimensão do aumento das decretações municipais, a Confederação evidencia que de janeiro a agosto de 2023, foram registrados 57 decretos de situação de emergência em decorrência dos incêndios florestais, ou seja, houve um aumento de quase 193%.
Ao comparar com as decretações restritas ao mês de agosto, em 2023 foram 26 decretações — o que representa um aumento de quase de 354% em relação a agosto de 2024, com 118 decretações.
4,4 milhões de pessoas afetadas
Já são mais de 4,4 milhões de pessoas afetadas nos últimos oito meses, sendo que desse total, 90% foram afetadas apenas este mês.
De acordo com a Confederação, os impactos ambientais se traduzem na perda da biodiversidade do país.
Há ainda um impacto direto no sistema municipal de saúde com sobrecarga de atendimentos, redução no abastecimento de água potável, suspensão de aulas e outros impactos.
Cidades com o reconhecimento federal de situação de emergência ou de estado de calamidade pública podem solicitar ao MIDR recursos para ações de defesa civil.
Com base nas informações enviadas nos planos de trabalho, a equipe técnica da Defesa Civil Nacional avalia as metas e os valores solicitados. Com a aprovação, é publicada portaria no Diário Oficial com o valor a ser liberado.