Jogos Paralímpicos

Cerimônia de Abertura da Paralimpíada faz crítica à falta de inclusão da pessoa com deficiência

Jogos Paralímpicos de Paris-2024 começam nesta quinta-feira (28) e Brasil pode chegar a 14 finais já no primeiro dia

Cerimônia de Abertura da Paralimpíada de Paris 2024 - Franck Fife/ AFP

Uma celebração a "todos os corpos" e com boa dose de (auto)crítica às insuficientes iniciativas da sociedade para a inclusão da pessoa com deficiência marcam a Cerimônia de Abertura da Paralimpíada de Paris-2024.

 
 
 
 
 
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A festa celebrada nesta quarta-feira (28) tinha como objetivo a reflexão e Alexander Ekman, responsável pelas coreografias desta festa, com cerca de 500 artistas, nos convidou a pensar em uma sociedade mais inclusiva.

A Paralimpíada de Paris, a primeira a ser realizada na cidade, se estenderá até 8 de setembro.

Thomas Jolly, o diretor desta Cerimônia intitulada "Paradoxo", quis deixar uma marca, transmitir uma mensagem sensível.

E conseguiu: o paradoxo entre uma sociedade que afirma ser inclusiva, mas continua "cheia de preconceito em relação às pessoas com deficiência", população esta que chega a 15% da população mundial.

E o paradoxo já deu as caras antes mesmo da festa começar: a Champs-Elysées, a avenida mais famosa de Paris, teve de ganhar camada de asfalto liso para que os cadeirantes pudessem desfilar sem ficar trepidando.

E o governo da região de Île-de-France prometeu "metrô para todos", cujo projeto de acessibilidade de todo o sistema está estimado entre 15 e 20 bilhões de euros, a ser entregue ao longo de duas décadas.

Cerca de 3% das estações de metrô de Paris são acessíveis.

Assim como a Cerimônia de Abertura da Olimpíada, às margens do rio Sena, a Cerimônia da Paralimpíada foi realizada fora do principal estádio de atletismo do evento.

Desta vez, o palco foi a Champs-Elysées, onde acontece o desfile das 168 delegações, além da Praça da Concórdia. Sem chuva, a grande vilã da festa olímpica, esta cerimônia tem clima festivo e bom humor.

O fio condutor de “Paradoxo” é a relação entre dois grupos: a “gangue criativa” e a “sociedade rígida”. Esses grupos interagem durante toda a cerimônia, em situações diversas.

Houve a exibição de um curta-metragem apresentando por Théo Curin, nadador francês que participou dos Jogos Paralímpicos Rio-2016.

Dançarinos da “gangue criativa” e da “sociedade rígida” tomaram o palco da Praça da Concórdia ao som do famoso pianista Chilly Gonzales.

Somente em um segundo momento, esses grupos começaram a interagir. Foi ao som da artista francesa Christine e The Queens, que apresentou nova versão da icônica canção de Édith Piaf, “Non, je neregrette rien”. Membros da sociedade rígida tiraram os óculos. Uma bonita mensagem.

O desfile dos aletas acontece após show da Patrulha Acrobática Francesa que coloriu o céú de Paris com as cores da bandeira da França. E a delegação brasileira, de agasalhos azuis e chapéus amarelos e azuis, foi muito aplaudida. Fez festa, "ola" e não parou quieta na área reservada.

Após os protocolos oficiais, discursos e juramentos, a chama paralímpica chegará ao local. O mesmo caldeirão usado na Olimpíada brilhará para a Paralimpíada e ficará exposto nos Jardins das Tulherias preso a um balão até o dia 8 de setembro.

Brasil na Paralimpíada-2024

O Brasil pode conquistar as primeiras medalhas paralímpicas já nesta quinta-feira (29).

Caso os atletas do país avancem em todas as possibilidades, serão 14 finalistas da delegação na data inaugural de competições na França.

A modalidade com maior número de atletas com chances de brigar pelo pódio nesta quinta-feira é a natação. Doze nadadores do Brasil entrarão na água na estreia da modalidade.

Onze deles disputarão as classificatórias na manhã francesa e, se avançarem, farão as finais no final da tarde e início da noite na Arena La Défense.

Um deles é o mineiro Gabriel Araújo (S2, limitações físico-motoras), escolhido para ser um dos porta-bandeiras do Brasil na Cerimônia de Abertura. Gabriel nadará os 100m costas.

Outra nadadora que estreará em Paris nesta quinta-feira é a pernambucana Carol Santiago (S12, baixa visão), a mulher do Brasil com mais medalhas paralímpicas em Paris-2024. Dona de cinco medalhas nos Jogos de Tóquio 2020, a atleta disputará os 100m borboleta.

Além dos doze nadadores, o ciclista goiano Carlos Alberto Soares vai disputar a prova de perseguição 3000m (C1, bicicletas convencionais) e também poderá entrar na luta por um lugar no pódio.

A lutadora gaúcha de taekwondo Maria Eduarda Stumpf, da categoria até 52 kg, também pode chegar à zona de medalha.

O Brasil será representado em outras modalidades nesta quinta-feira, mas sem disputas de finais na data: badminton, vôlei sentado, tiro com arco, bocha, tênis de mesa e goalball.