Bluesky

Em meio a "boom" após bloqueio do X, Bluesky diz que atua para cumprir a legislação brasileira

Plataforma afirma que está 'ativamente em contato com advogados nos EUA e no Brasil' para garantir que mantém a 'conformidade' com as regras do país

Rede social BlueSky - Katarina Bandeira/Folha de Pernambuco

Após um crescimento de usuários diante do bloqueio do X, a plataforma Bluesky afirmou ao GLOBO que tem o "compromisso de aprimorar a experiência do usuário" e ressaltou que está em contato com sua equipe jurídica para garantir que as operações "cumpram integralmente a legislação brasileira".

Segundo a rede social, houve um crescimento de mais de 2 milhões de usuários no país na última semana.

"Estamos ativamente em contato com advogados nos EUA e no Brasil para garantir que mantemos a conformidade", disse a Bluesky.

O posicionamento da plataforma ocorre após o jornal Folha de S. Paulo ter noticiado nesta segunda-feira que a Bluesky ainda não tem representação legal no Brasil. A informação foi confirmada pelo veículo "por uma pessoa a par do assunto".

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou na sexta-feira passada a suspensão do X, rede social do empresário sul-africano Elon Musk, no Brasil. A decisão foi dada após a plataforma descumprir a ordem dada dois dias antes para indicar um representante legal no país, no prazo de 24 horas.

O magistrado estipulou ainda multa de R$ 50 mil para qualquer pessoa ou empresa no país que usar X. Essa é a segunda decisão de Moraes suspendendo uma plataforma no país. Em 2023, o magistrado chegou ordenar o bloqueio do Telegram, aplicativo de troca de mensagens, mas voltou atrás após a empresa indicar um representante.

Ao longo do final de semana, usuários brasileiros migraram para as redes alternativas ao X. Na prática, a suspensão foi operada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que notificou as empresas de telefonia. Os primeiros relatos de bloqueio do X foram registrados na madrugada do último sábado.

Na decisão para bloquear a big tech no país, Moraes destacou os "reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais e inadimplemento das multas diárias aplicadas" pela empresa. O ministro também classificou a atuação da plataforma como "uma tentativa de não se submeter ao ordenamento jurídico e Poder Judiciário brasileiros, para instituir um ambiente de total impunidade e 'terra sem lei' nas redes sociais brasileiras, inclusive durante as eleições municipais de 2024".

Um levantamento feito pela consultoria Bites a pedido do GLOBO mostra que a rede social Bluesky alcançou a marca de 4 milhões de usuários ativos no Brasil no último dia 30. Na sexta-feira, os usuários da rede ficaram, em média, 13 minutos ativos no aplicativo.

Outro dado que reforça o interesse pelo Bluesky é que, nas últimas 24 horas, as buscas no Google pelo nome da rede também foram maiores no Brasil que as pelo termo VPN (virtual private network, na sigla em inglês), de acordo com a Bites. A tecnologia, que pode ser usada para burlar bloqueios, chegou a motivar inicialmente uma decisão de Moraes que previa multa de R$ 50 mil a qualquer cidadão do país que a utilizasse para se conectar à plataforma de Elon Musk. O ministro recuou, em seguida, da determinação.

Os estados mais interessados no Bluesky, segundo os dados de buscas, foram Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Piauí e Rio de Janeiro.

Como funciona o Bluesky?
A rede social é uma iniciativa de Jack Dorsey, criador do Twitter — agora X —, lançada em 2019. O Bluesky funciona de forma parecida com a versão antiga do X, permitindo posts com apenas 300 caracteres, além de possibilitar ao usuário que republique postagens de terceiros e compartilhe fotos e textos.

Um diferencial da rede é que ela permite aos usuários que usem seu endereço de domínio da web como identificador no serviço. Oferece ainda uma opção de autoverificação e a liberdade de mudar para um servidor ou serviço diferente com o mesmo nome de usuário.