Kassab mantém candidatura do PSD em conversa com Lula
Estratégia de aliados do presidente era fortalecer candidatura de Marcos Pereira com retirada de Antônio Brito
O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, reafirmou nesta terça-feira, em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a candidatura de Antônio Brito (PSD-BA) à presidência da Câmara.
Durante o encontro no Palácio do Planalto, de acordo com interlocutores, Lula disse a Kassab sobre a necessidade de construção de um consenso em torno de uma candidatura.
Marcos Pereira (Republicanos) seria hoje o nome mais cotado por PT e o governo, o que implicaria na necessidade de Brito sair do páreo. Sem o acordo fechado, Kassab e Brito ainda devem voltar a se encontrar nesta terça-feira em uma reunião em Brasília.
Governistas contavam com este acordo para frear a candidatura de Elmar Nascimento (União-BA), que acena ao cargo com o apoio do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Brito e Pereira já acertaram que estarão juntos em um eventual segundo turno da disputa, caso Elmar também avance.
Apesar de já ter dito que não tentará "vetar" um indicado por Lira e que "respeitará a decisão da Casa", aliados de Lula não escondem a resistência a Elmar. Lira e Lula se encontram na noite de segunda-feira e conversaram sobre a sucessão.
Na noite de domingo, Lira se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para tratar do apoio. Lira se preocupa com o real apoio do bolsonarismo ao candidato que indicar. Elmar é apontado como o favorito.
Bolsonaro deu sinais de que deve seguir o mesmo caminho, o que pode render a primeira vice-presidência ao PL.
Embora saiba que pode contar com o apoio do ex-presidente, Lira se preocupa com possíveis divisões na bancada bolsonarista. Isso porque Antônio Brito e Marcos Pereira têm se aproximado de parlamentares da direita e negociado apoios.
Com 93 deputados, a bancada do PL , que é a maior da Câmara, é vista como possível fiel da balança na disputa.
Amigo íntimo de Lira, Elmar tem dificuldades de conseguir votos de deputados que questionam a sua capacidade de articular pautas e reclamam do difícil acesso ao parlamentar.
Ele também não teria a simpatia irrestrita da base governista, já que teve histórico de oposição à esquerda. Por outro lado, o deputado do União é visto como alguém capaz de honrar os acordos firmados, até mesmo os herdados de Lira.