Caso 'Dieselgate': Ex-CEO da Volkswagen nega acusações contra ele em escândalo
Martin Winterkorn enfrenta várias acusações, entre elas a de fraude
O ex-CEO da Volkswagen Martin Winterkorn começou a ser julgado nesta terça-feira por sua responsabilidade no emblemático escândalo de manipulação de veículos conhecido como “dieselgate”, que mergulhou a fabricante de automóveis em uma grave crise desde 2015.
Em depoimento prestado nesta quarta-feira, Winterkorn afirmou que as acusações de fraude contra ele são “inverossímeis”.
"Me parece inverossímil formular uma acusação criminal contra mim como a que (os promotores) estão tentando fazer com essas acusações", disse ele perante o tribunal na cidade alemã de Braunschweig, perto da histórica sede da VW em Wolfsburg.
O ex-executivo, de 77 anos, foi a julgamento na terça-feira, nove anos após a fabricante Volkswagen reconhecer ter manipulado 11 milhões de veículos a diesel em todo o mundo, para que mostrassem níveis de emissões de óxido de nitrogênio inferiores aos reais.
Tentou-se julgá-lo em outras ocasiões, mas isso não foi possível devido a seus problemas de saúde.
Winterkorn enfrenta acusações de fraude pelo uso do software que permitiu essa manipulação, e pode ser condenado a uma pena de até dez anos de prisão. O ex-executivo nega todas as acusações.
Em uma longa declaração, o acusado argumentou que, como líder de um grande conglomerado, tinha muitas responsabilidades e estava longe dos mecanismos de decisão mais detalhados.
Winterkorn admitiu que, como era o presidente da empresa quando o escândalo estourou, provavelmente sempre estará "estreitamente vinculado" ao "dieselgate".
Mas acrescentou: "Eu não estive envolvido nas decisões sobre o desenvolvimento e o uso desse software irregular nos novos motores a diesel da VW".
Winterkorn foi CEO da Volkswagen de 2007 a 2015, e renunciou logo após o escândalo estourar.
Nesta quarta-feira, ele defendeu firmemente seu trabalho à frente do maior fabricante de automóveis da Europa, assegurando que durante seu mandato os lucros quase quintuplicaram e que o quadro de funcionários do grupo quase dobrou, superando os 600.000 trabalhadores.
"Dediquei quase toda a minha vida profissional ao grupo Volkswagen e, durante décadas, tentei desenvolver bons carros e vendê-los aos clientes a um preço justo", disse.
'Não sou desenvolvedor de motores'
Winterkorn está acusado de ter permitido a venda de veículos equipados com software falso, apesar de saber de sua existência. Mas nesta quarta-feira ele reiterou que essas acusações "não são corretas".
"Eu não sou desenvolvedor de motores, não sou especialista em controle de emissões e não sou um expert em software", insistiu.
A fraude supostamente ocorreu entre 2006 e 2015 e afetou milhões de veículos, com danos estimados em várias centenas de milhões de euros.
A acusação afirma que Winterkorn tinha conhecimento "o mais tardar em maio de 2014" sobre a fraude. Além disso, ele teria autorizado conscientemente a divulgação de anúncios promovendo automóveis como "ecológicos" para gerar lucros significativos.
Ele também é acusado de não ter informado deliberadamente o mercado sobre os riscos financeiros associados à fraude.
Desde 2015, a empresa teve que pagar cerca de 30 bilhões de euros (cerca de 33 bilhões de dólares) em reembolsos, compensações e custos legais, principalmente nos Estados Unidos, onde o grupo se declarou culpado de fraude e obstrução da justiça.