Atleta ugandesa Rebecca Cheptegei continua em estado crítico
Cheptegei tem queimaduras em 80% do corpo e os médicos estão fazendo todo o possível para salvar sua vida
A maratonista ugandesa Rebecca Cheptegei continua lutando pela vida nesta quarta-feira (4), após ter sido queimada em sua casa por um homem identificado inicialmente pela polícia como seu namorado.
Poucas semanas depois de participar dos Jogos Olímpicos de Paris, a atleta de 33 anos se encontra em estado crítico no Moi Teaching and Referral Hospital (MTRH), na cidade de Eldoret, no Quênia, após o ataque de domingo.
Cheptegei tem queimaduras em 80% do corpo e os médicos estão fazendo todo o possível para salvar sua vida, segundo um dos diretores do hospital, Owen Menach.
A polícia informou que um homem identificado como Dickson Ndiema Marangach jogou gasolina em Cheptegei, após invadir sua casa enquanto ela não estava, em Endebess, no condado de Trans-Nzoia, e ateou fogo na atleta.
Não houve atualização do hospital sobre o quadro de Cheptegei nesta quarta-feira. No entanto, uma fonte médica que conversou com a AFP sob anonimato, já que não tem autorização para falar com a imprensa, afirmou que seu estado havia piorado.
Peter Tum, funcionário do alto escalão do Ministério dos Esportes queniano, disse nesta quarta-feira que os governos de Uganda e Quênia estão acompanhando sua condição.
"Estamos realizando os esforços necessários para que a atleta seja transferida de avião a Nairóbi para um tratamento especializado", declarou Tum na entrevista coletiva de apresentação da maratona de Nairóbi, sem dar detalhes sobre esse possível traslado e estado de saúde de Cheptegei.
Cheptegei terminou a maratona dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 na 44ª posição.
Grito de socorro
A atleta vivia com sua irmã e suas duas filhas em uma casa construída na localidade de Endebess, a 25 quilômetros da fronteira com Uganda, onde ela treinava com seu pai.
O jornal queniano 'The Standard' informou que as filhas de Cheptegei, de nove e 11 anos, testemunharam o ataque contra a mãe.
"Ele me deu um tapa quando eu tentei correr para ajudar minha mãe", afirmou uma delas.
"Gritei imediatamente pedindo socorro. Um vizinho tentou apagar o fogo com água, mas não foi possível", contou a menina, cujo nome não foi publicado pelo jornal.
Marangach também ficou ferido no ataque e tem queimaduras em 30% do corpo.
Dúvidas sobre relação com agressor
A relação exata entre a atleta e o suspeito não está clara. O relatório da polícia o identificou inicialmente como o namorado da vítima e os descreveu como um "casal que tinha constantes discussões familiares".
Por sua vez, o pai de Rebecca Cheptegei afirmou que sua filha "tinha uma amizade com este homem, mas que depois terem suas divergências, ele tinha voltado a viver com sua mulher".
O caso de Cheptegei ocorre dois anos depois que a atleta nascida no Quênia Damaris Mutua foi encontrada morta em Iten, um polo mundialmente conhecido no mundo do atletismo que fica no Vale do Rift. Suspeita-se que seu companheiro a tenha matado.
Em 2021, a atleta queniana Agnes Tirop, de 25 anos, morreu depois de ter sido esfaqueada em sua casa em Iten. Seu ex-marido está sendo julgado pelo assassinato. Ele negou as acusações.
Os últimos dados publicados pelo Escritório Nacional de Estatística do Quênia, em janeiro de 2023, apontam que 34% das mulheres no país sofreram algum tipo de violência física a partir dos 15 anos.