Partido de Bolsonaro, PL vai se reunir para debater a sucessão de Lira
Entrada de Hugo Motta (Republicanos-PB) na disputa embaralhou os votos do campo bolsonarista
Deputados do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, se reunirão na próxima segunda-feira (9) para debater a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara.
A reunião da bancada já estava marcada, já que a semana que vem é de esforço concentrado na Casa, mas agora o apoio a um dos candidatos deve ser o principal assunto na liderança da legenda. A entrada de Hugo Motta (Republicanos-PB) no páreo da disputa embaralhou os votos do campo bolsonarista, dizem pessoas próximas ao ex-presidente.
Se antes era certo que Elmar Nascimento (União-BA) teria o apoio de Bolsonaro, por ser próximo de Lira, agora o cenário é outro. Motta é considerado um candidato que conta com a simpatia de pessoas com influência direta sobre as decisões do ex-presidente.
Os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por exemplo, intermediaram um encontro de Jair Bolsonaro com Motta na quarta-feira e afirmaram a interlocutores que "trata-se de uma opção".
Pesa o fato de Motta ter substituído Marcos Pereira (Republicanos-SP) na disputa, com quem Bolsonaro acumulou rusgas nos últimos anos.
Ao contrário de Pereira, Motta transita bem entre o "núcleo duro" do bolsonarismo e atrai simpatias por já ter enfrentado o petismo: ele votou pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, e compôs a chamada "tropa de choque" do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Aos bolsonaristas em encontro na quarta, ele afirmou que acenaria aos governistas com o objetivo de ser eleito para a Câmara, mas não seria subserviente ao governo.
Com 93 parlamentares, a bancada bolsonarista é vista como possível "fiel da balança" na disputa. E, conscientes do seu peso, os parlamentares negociam o apoio e pedem a primeira vice-presidência da Casa. Além de conduzir sessões na ausência do próximo presidente, o 1º vice-presidente da Câmara também é o vice-presidente do Congresso, o que dá ao partido que ele integra um poder maior de influência nas decisões internas. A negociação, entretanto, não se restringe apenas a este posto.
Bolsonaristas condicionam este apoio ao compromisso com pautas conservadoras, especificamente às relacionadas à indústria armamentista e às matérias de "comportamento". A defesa de uma anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados que estão sob investigação pelos atos de 8 de janeiro também faz parte das conversas.