GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

"Biden, faça tudo para parar a guerra e me levar para casa", diz refém em vídeo divulgado pelo Hamas

EUA são um dos mediadores do conflito junto a Egito e Catar

Biden, faça tudo para parar a guerra e me levar para casa, diz refém em vídeo divulgado pelo Hamas - redes sociais/reprodução

O Hamas divulgou na noite dessa quinta-feira (5) um vídeo do refém Hersh Goldberg-Polin, cujo corpo foi recuperado há cinco dias pelo Exército israelense junto com outros cinco cativos.

Goldberg-Polin é cidadão americano-israelense e, na gravação, pede ao presidente Joe Biden e ao secretário de Estado americano, Antony Blinken, que "façam tudo o que estiver ao seu alcance para parar a guerra, parar essa loucura e me trazer para casa agora". Não há informação sobre quando o vídeo foi feito.

Os EUA são um dos mediadores da guerra, que teve início em outubro após o ataque terrorista do Hamas ao sul de Israel, ao lado de Egito e Catar. Blinken, por exemplo, já viajou nove meses ao Oriente Médio para tentar uma solução à guerra.

Na última visita, o secretário tentou fechar um novo acordo de cessar-fogo que permita a libertação de reféns, mas sem sucesso.

Nesse sentido, os pais de Goldnerg-Polin emitiram uma declaração, segundo o jornal israelese Haaretz, afirmando que o vídeo "deve servir como um alerta imediato para o mundo tomar medidas hoje para garantir a libertação dos 101 reféns restantes antes que seja tarde demais".

O novo impasse concentra-se sobre a presença militar ou não de Israel no chamado Corredor Filadélfia, uma faixa de 14 quilômetro ao longo da fronteira de Gaza com o Egito apontada como caminho para que o Hamas se rearme após a guerra ou reconstrua túneis.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu quer manter os militares na região, o que para o Hamas é considerado inaceitável, já que, diferente do que o acordo sugere, Israel não estaria retirando suas tropas do enclave palestino durante o período de cessar-fogo e as trocas de reféns.

Segundo uma fonte da coalizão governista de direita, o premier decidiu "há algumas semanas" que não deseja alcançar um acordo, percebendo que, ao manter sua posição sobre o Corredor Filadélfia, ele "percebeu que também poderia atrair a direita moderada".

A coalizão já ameaçou derrubar o governo caso Netanyahu aceite uma proposta, apesar da pressão interna e da comunidade internacional, incluindo aliados, para um acordo.

A recuperação do corpo de Hersh Goldberg-Polin junto com os corpos de Carmel Gat, Eden Yerushalmi, Alexander Lobanov, Almog Sarusi e Ori Danino provocou protestos ao longo de várias cidades israelenses e a organização de uma greve geral pela principal central sindical do Estado judeu, Histadrut, na última segunda-feira.

Os israelenses defendem que um acordo é necessário para trazer de volta vivos os reféns que permanecem no enclave, evitando o mesmo destino dos últimos seis.

Os reféns são usados como moeda de troca pelo Hamas para obter um cessar-fogo na guerra e a libertação de prisioneiros palestinos. E, à medida que o confltio avança, seu destino fica cada vez mais incerto e cada vez mais obscuro frente aos anúncios de mortes confirmadas e corpos recuperados.

Abu Obeide, porta-voz das Brigadas al-Qassam, o braço armado do Hamas, afirmou no início da semana que os cativos mantidos em Gaza voltarão "em caixões" se Israel mantiver sua pressão militar.