7 de Setembro

Alexandre de Moraes tem protagonismo no 7 de Setembro

Ministro foi chamado de "ditador" pelo ex-presidente em São Paulo, onde manifestação se concentrou em pedir seu impeachment

Alexandre de Moraes, ministro do STF - Rosinei Coutinho/STF

As comemorações do 7 de Setembro, neste domingo, tiveram o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como protagonista.

Em Brasília, o magistrado participou da cerimônia oficial do aniversário de 202 anos da Independência ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de outros ministros da Corte.

Já em São Paulo, Moraes foi alvo de ataques e pedidos de impeachment por parte de Jair Bolsonaro (PL), que o chamou de "ditador", e aliados do ex-presidente.

— Eu espero que o Senado Federal bote um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil do que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva — afirmou Bolsonaro, que estava gripado e rouco, ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do pastor Silas Malafaia.

Se na capital paulista o público pedia o impeachment de Moraes, chamado de “cabeça de ovo”, e a anistia para os presos na esteira dos atos golpistas de 8 de janeiro do ano passado, em Brasília o ministro foi ovacionado.

Aos gritos de “Xandão”, acenou às arquibancadas montadas na Esplanada dos Ministérios para o desfile cívico-militar.

Além de Moraes, o presidente do STF, Luis Roberto Barroso, e os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Edson Fachin e Cristiano Zanin compareceram à cerimônia.

Em outro gesto de aproximação com a Corte, Lula os convidou para um almoço logo depois no Palácio do Alvorada.

Sem discursos, a intenção do Palácio do Planalto com o evento foi passar uma mensagem de união dos Poderes.

A ofensiva de Moraes contra o X, rede social comandada pelo bilionário Elon Musk, provocou uma forte reação de bolsonaristas.

Lula saiu em defesa do ministro em entrevistas e criticou Musk.

Na sexta-feira, em pronunciamento em rádio e TV veiculado por causa do 7 de setembro, o presidente disse que a soberania do país "não está à venda" e que qualquer pessoa, "tenha a fortuna que tiver", precisa respeitar a legislação do país.

Ausente da cerimônia, o ministro Flávio Dino homenageou o colega de STF nas redes sociais. “Defender uma pátria justa e democrática, nos termos da Constituição, é o trabalho a que me dedico no Supremo, onde aprendo com mestres e amigos a exemplo de ALEXANDRE DE MORAES”, escreveu.

“É um juiz que tem a coragem e a independência necessárias para fazer o certo. É o que verdadeiramente importa.”

Paulista
Diante de apoiadores na Avenida Paulista, Bolsonaro fez o discurso que lhe é característico.

Voltou a questionar a legitimidade do resultado das eleições de 2022, disse que houve imparcialidade de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e afirmou que sua inelegibilidade é fruto de articulação do "sistema".

— Se hoje eu sou o ‘ex’ mais amado do país, esse divórcio não foi feito pelo povo. Foi feito com base nesse sistema que trabalhou quatro anos contra a minha pessoa — argumentou o ex-presidente, que também defendeu "anistia" e disse que as acusações "sem materialidade" contra ele serão revistas.

Quem seguiu linha parecida foi Tarcísio.

O governador evitou entrar na disputa eleitoral de São Paulo, na qual o bolsonarismo se divide entre Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB), e se concentrou em dizer que a causa da manifestação era a “liberdade” e a “anistia aos apenados de forma desproporcional”.

— Que esse mar de gente sirva de inspiração aos nossos congressistas para que a gente possa conquistar de volta a nossa liberdade, para que não haja censura, não haja banimento de rede, para que não haja exagero. Nós queremos a pacificação — afirmou o chefe do Palácio dos Bandeirantes.

Tarcísio acrescentou que a anistia seria um “remédio político” dado pelo Congresso.

Por fim, pediu aos manifestantes gritos de "Volta, Bolsonaro".

Protestos
Vestidos de verde e amarelo, os manifestantes da Paulista levaram cartazes contra Moraes e em defesa de Musk.

Ao inaugurar o ato, o pastor Malafaia chamou a manifestação de uma "festa da democracia" para pedir o impeachment de “um ditador”.

Sob gritos de "cabeça de ovo, Supremo é o povo" alusivos ao ministro, o pastor pediu uma oração, pregou a inocência de Bolsonaro em inquéritos sobre o 8 de janeiro e defendeu a prisão de Moraes por "rasgar a Constituição".

— Alexandre de Moraes tem que sofrer o impeachment e ir para a cadeia. Lugar de criminoso é na cadeia. Eu não estou caluniando e nem difamando o ministro. Eu mostrei os artigos da Constituição que ele tem rasgado — alegou o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

Parlamentares bolsonaristas que marcaram presença no caminhão-palanque pediram ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a abertura do processo de impeachment contra Moraes, e ao chefe da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que faça a anistia avançar.

A deputada Bia Kicis (PL-DF), por exemplo, disse que os colegas iriam "obstruir os trabalhos" no Congresso até Pacheco aceitar o pedido.

Já Nikolas Ferreira (PL-MG) apontou que Lira vai “perder o apoio da direita” na sucessão do comando da Casa se não pautar a anistia.